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sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Prémios monetários no atletismo: comparação entre as maratonas de Nova Iorque, Porto e Rio de Janeiro

Apesar de um enorme aumento de praticantes de atletismo em Portugal na última década, quer atletas de rua, quer atletas federados, de 12.500 no ano de 2000, para 14.500 atletas em 2012, como podem verificar em http://www.viveodesporto.com/2014/09/evolucao-dos-atletas-federados-em.html, os nossos resultados nas grandes competições internacionais têm decaído. Um grande exemplo, foi a nossa muito má prestação nos últimos europeus.

No meu entender, um dos grandes fatores prende-se com a falta de incentivos e refiro-me a compensações monetárias para os atletas. Há imensos atletas com enorme potencial, pois verificam-se excelentes resultados internacionais na formação. No entanto, à medida que a idade vai aumentado, a exigência também. E a verdade é que os apoios não são suficientes para que se possa viver do atletismo e abdicar de tudo o resto. Ter o seu dia de trabalho, estar com a família e ter disponibilidade para treinar, não se compadece com a obtenção de resultados capazes de lutar pelas grandes provas, pelo menos durante um período de tempo longo.
Nos últimos anos os prémios monetários nas provas de estrada têm vindo a diminuir. Fiz uma pesquisa por algumas provas internacionais e verifiquei que os prémios são baixos e distribuídos por muito poucos. Na década de 90, era ainda júnior, e era comum haver prémios monetários em provas sem grande expressão. Nessa altura ganhei muitas vezes prémios monetários, ou vales para trocar por artigos desportivos, em provas de aldeias, ou vilas. Nem me refiro a provas internacionais, pois aí não ocupava os lugares cimeiros da classificação.

Fiz um levantamento dos prémios atribuídos este ano na Maratona de Nova Iorque, Porto e Rio de Janeiro. Toda a informação completa está no site das respetivas provas. Fiz o câmbio de todas as provas para Euros.
Todas as provas distribuem para além dos prémios aos 10 da geral, outros prémios por recordes batidos, tempos abaixo de determinadas marcas estabelecidas, prémios por escalão etc. Considerei interessante dois fatores na maratona do porto: a atribuição de prémios para os melhores portugueses e a diminuição dos prémios da geral para metade se não forem conseguidas determinadas marcas.



VALORES EM EUROS (€)

CLAS.
Nova Iorque
Porto
Rio de Janeiro
1.º
92.000
7.500
4.900
2.º
55.000
5.000
2.350
3.º
37.000
3.000
2.000
4.º
23.000
2.000




10.º
2.300
500
245
                                                             PRÉMIOS EXTRA
                      

25.000€ ( record do mundo)

9.200€ ( abaixo 2h10m) MASC.
1.500€ ( abaixo de 2h11m) – MASC.
9.200€ (abaixo 2h27m) FEM.
1.500€ (abaixo 2h29m) – FEM.


46.000€ ( abaixo 2h 05m) – MASC.
7.500€ ( abaixo 2h 07m) – MASC.
46.000€ ( abaixo 2h 22m) – FEM.
7.500€ ( abaixo 2h25m )– FEM.

Podem parecer valores bons, principalmente na maratona de NY, mas são migalhas comparativamente com o que ganham os jogadores de futebol na europa, e não temos de ir às grandes figuras do futebol, apenas jogadores medianos. Não esquecer que a maratona de NY é uma referência mundial, onde os grandes atletas querem estar no seu melhor momento. E os prémios são para tão poucos!
A Sara Moreira, que conseguiu a 3.ª posição no ano passado e 4.ª posição este ano, sendo a melhor europeia, para além de conseguir o prémio da geral, também conseguiu fazer registos muito bons que lhe aumentaram o prémio final. Muitos parabéns para ela pois, para além do seu talento natural, é extremamente trabalhadora. Não esquecer que o ano passado foi para NY com o seu filho com meses. Merece bem esta recompensa!

Carlos Oliveira

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

DOR DE BURRO NO ATLETISMO: O QUE É? PORQUE ACONTECE?

A dor de burro é uma dor abdominal muito comum nos iniciantes de corrida podendo, no entanto, também surgir em atletas mais experientes.
Nas crianças é extremamente comum. Acho que todos nós já tivemos dor de burro. Enquanto professor de Educação Física deparo-me com esta situação dezenas de vezes por ano, em especial nos inícios de ano letivo, já que muitos alunos passaram todas as férias de Verão sentados à frente da sua televisão/PC a perder as poucas capacidades físicas que foram ganhando durante o ano letivo anterior.


O que pode provocar a dor de burro?

·         O principal fator é uma má preparação física: devido ao esforço exigido, há uma necessidade de maior bombeamento de sangue. Quando o coração não consegue bombear todo o sangue, ocorre a famosa dor de burro. A dor pode surgir do lado direito (fígado), ou do lado esquerdo (baço), quando acontece um bloqueio do sangue venoso nesses dois órgãos;

·         Má respiração: normalmente uma respiração torácica (curta/rápida e superficial) não permite uma correta oxigenação do sangue. A respiração correta deve ser a respiração abdominal (longa e profunda) que permite a correta oxigenação do sangue e, consequentemente, mais O2 e nutrientes para os músculos;


·         Má alimentação: Treinar de estômago cheio, sem ter realizado a correta digestão! Durante a digestão os órgãos que se situam na zona abdominal necessitam de bastante sangue. Mas, para além da dor de burro, há outros fatores graves que podem ocorrer, quando se faz desporto de barriga cheia. Daí que esse seja um dos maiores erros de qualquer desportista.

·         Não realização do aquecimento: O aquecimento não é mais que a adaptação do nosso corpo ao exercício intenso que será realizado de seguida, quer a nível cardiovascular, quer muscular. Um bom aquecimento deve-nos obrigar a elevar consideravelmente a frequência cardíaca (1.ª adaptação do sistema cardio-respiratório ao esforço) e permitir “aquecer” os músculos para, de seguida, os alongar e preparar para a intensidade.


O que fazer quando ocorre a dor de burro?

·         Diminuir a intensidade da atividade;
·       Respirar profundamente, de forma a oxigenar ao máximo o sangue;
·      Em última instância parar, respirar profundamente e comprimir/apertar a zona dolorosa.
·         Muitas vezes a dor de burro surge também nos dias seguintes, logo no início das atividades. Deve-se realizar as medidas referidas anteriormente.

O normal é que, à medida que vamos conhecendo o nosso corpo e vamos treinando melhor, a dor de burro deixe de aparecer. No entanto, mesmo em atletas mais experientes ela acaba por surgir, nestes casos principalmente por má alimentação ou por overtraining (excesso de treino).

Carlos Oliveira


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Técnica correta de colocação do pé, e de postura, na corrida de média e longa distância.

Qual será a melhor técnica de corrida? A maioria já se deparou com esta pergunta. Nos nossos treinos e provas, deparamo-nos com as mais diversas formas de correr, sendo que a maioria dos corredores amadores não utiliza as vantagens de uma técnica apropriada. Para além de aumentar a velocidade, uma técnica de corrida correta proporciona grande poupança de energia.
A maioria dos praticantes amadores de atletismo procura evoluir apenas com o treino contínuo, alguns treinos de fartleck ou intervalados, mas poucas vezes se preocupam com treinos específicos de correção de movimentos. Penso que esta é uma das verdades com que a maioria de nós se caracteriza de imediato.

Os erros mais comuns de postura durante a corrida:
·         Tronco demasiado para a frente;
·         Praticamente nenhuma elevação dos joelhos (parece uma corrida em voo raso);
·         Rigidez no movimento de braços (que não acompanham o movimento das pernas);
·         Olhar para o chão;
·         Incorreta colocação do pé no contacto com o solo.

·         Pouca levação da bacia


Mas, qual é a técnica correta?

Antes de mais nada, eliminar os erros atrás descritos! De seguida, surge a preocupação de como o pé deve “atacar” o solo. Há uns anos atrás, quando era mais jovem e praticava atletismo com outros objetivos, a máxima dos treinadores era de o pé tocar o solo com a zona posterior, fazer rolar o mesmo,  e dar o impulso com a parte anterior.  Também era a teoria utilizada nos meus tempos de faculdade, enquanto tirava o curso de Educação Física.  Ultimamente, já não é essa a forma de correr dos atletas de top. Terão sido os africanos, especialmente os quenianos,  que começaram a utilizar a técnica de ataque ao solo com a parte mediana do pé. A colocação do calcanhar tenderá a forçar mais as articulações do tornozelo, com grande sobrecarga do tendão de aquiles e joelhos, e o impulso final é menos vigoroso. Portanto deve-se atacar o solo com a parte mediana do pé, pois cria menos impacto nas articulações e proporciona de imediato um maior impulso (neste movimento, o tempo de contacto do pé com o solo é menor).


Aumentar a cadência de corrida ( aspecto fundamental)

Um outro aspeto que tem sido referido (vindo ao encontro do parágrafo anterior), refere-se à cadência (número de passadas por minuto). Mais que uma passada larga, é fundamental trabalhar uma passada rápida. Uma passada rápida elimina o tempo de voo e posteriormente proporciona um impacto menor no solo.
Perceber também que uma passada demasiado longa aumenta o dispêndio de energia. Devemos procurar uma passada ampla, mas confortável. este aspecto deve ser trabalhado logo desde a infância. Portanto, se têm filhos, sobrinhos, etc, a praticar atletismo, façam jogos de coordenação ( tenho exemplos abaixo) em que o objectivo seja aumentar velocidade/frequência dos movimentos.


Exercícios fundamentais para aumentar a cadência e melhorar a técnica de corrida

Deixo uns pequenos exemplos de como, de uma forma indirecta, podemos corrigir a nossa técnica de corrida. O ideal seria isto ter sido trabalhado na idade jovem, mas não tendo sido é melhor que nunca.

·         Skippings baixos: apoio ativo no terço anterior do pé; extensão completa da perna de impulsão; bacia alta; tronco direito; trabalho descontraído e
coordenado dos braços; subida ligeira dos joelhos; grande frequência gestual. O principal objetivo deste exercício é o de se conseguir uma grande frequência, sem alterações significativas da postura corporal, do trabalho dos braços e da descontração.


·         Skipping Alto: apoio ativo pelo terço anterior do pé; extensão completa da perna de impulsão; bacia alta; tronco direito; trabalho descontraído e coordenado dos braços; subida dos joelhos à horizontal, movimento circular das pernas. O principal objetivo é a manutenção de uma atitude alta e a simulação da fase de balanço à frente da passada da corrida, em que a subida dos joelhos, a extensão da perna de impulsão e o movimento circular das pernas, são elementos fundamentais.


Ficam alguns exemplos de combinações:
·         Passagem progressiva de skipping baixo para skipping alto;
·         Skipping alto só com uma perna;
·          Alternar o seguinte movimento: skipping baixo rápido – calcanhar atrás lento – skipping alto
rápido);
·         Passagem de skipping alto para corrida.

Concluindo:

Para melhorar a nossa técnica de corrida devemos:
·         Ter atenção à postura (tronco ereto);
·         Aumentar a cadência da passada;
·         Elevação média dos joelhos;
·         Preocuparmo-nos em apoiar o pé com o terço anterior.
·         Movimento fluido dos braços (acompanhando o movimento das pernas).~

·         Realizar uma boa elevação da bacia.



Com estas correções, e um planeamento de treino adequado, vamos melhorar. Não vamos ser campeões, mas vamos melhorar, isso é garantido.
Deixo o link de outros artigos que já publiquei sobre como melhorar os resultados de corrida e o melhor vídeo que encontrei sobre a técnica correta de corrida. É do  maratonista queniano  Moses Mosop  ( “só” vai a 3 Km/min), mas é a velocidade de maratona dele J

Carlos Oliveira

Vídeo ( infelizmente não consigo coloca no formato pretendido. É necessário clicar )

terça-feira, 13 de outubro de 2015

"Andar na roda" no ciclismo: quanta energia se poupa?

Andar na roda no ciclismo é uma vantagem enorme, como já todos sabemos. De tal forma, que em modalidades como triatlo, essa opção não é permitida, de forma a obrigar todos os atletas a passar pela frente e não haver os chamados oportunistas.
Já no ciclismo de estrada o andar na roda faz parte da estratégia das equipas, que trazem os seus líderes protegidos nas rodas dos companheiros até aos momentos mais importantes da etapa.

Quanta energia se poupa  em andar na roda?

De acordo com os especialistas, andar na roda pode trazer benefícios enormes, dependendo da velocidade e do tamanho do objeto, neste caso ciclista, que vai à nossa frente, assim como do vento que se faz sentir.
O Dr. Benjamim Carvalho, grande especialista em fisiologia e ciclismo,  escreveu nos dos seus posts o seguinte:

“Acima de 20 km hora, velocidade em terreno de montanha, um ciclista poupa cerca de +- 10% de de energia. Isto é: se o ciclista que puxa debitar 300 Watts o ciclista na roda gastará 270 watts. Em etapas de montanha isto torna-se mais notório para ciclistas de pequeno tamanho uma vez que se seguirem ciclistas de maior superfície frontal o beneficio torna-se ainda maior.
Mesmo a 15 metros de distancia há um beneficio de +-6% se a velocidade for à volta dos 45-50 km o que corrobora a ideia de impedir que em competição e nomeadamente nos CRONOS as motos serem obrigadas a seguir a grandes distancias dos ciclistas…
O que é preciso é ser esperto, poupe-se…quando se sentir forte deve guardar a força para quando ela for necessária…quem não gosta de andar na roda?...mas sempre atenção ao que vai à frente!”

A regra rege-se por, a partir dos 20km/h, poupar-se 10%. Portanto, a 40Km/h, o ciclista vai a poupar 30% em relação a quem vai a puxar. Daí que, se observarmos as etapas em que o pelotão tem de perseguir, há uma passagem constante dos ciclistas pela frente, tal o dispêndio de energia. Nessa fase muitas vezes pedala-se a mais de 50Km/h. Nestas situações particulares, quem vai no meio do pelotão pode poupar até 40%. Mas, diga-se, que nestes casos os líderes nunca vão no meio do pelotão, pois as desvantagens são maiores que as vantagens, devido a situações como quedas, ou fugas dos seus rivais.
Em relação ao melhor local para andar na roda, especialmente na montanha, há quem refira que a terceira posição na fila é a melhor. Se observarmos nas grandes voltas, costuma ser nessa posição que se encontram os líderes, isto quando ainda têm equipa para os “rebocar”.

Carlos Oliveira




quarta-feira, 30 de setembro de 2015

MADEIRA UPHILL 2000 - A MEIA MARATONA MAIS DURA DA EUROPA!

Decorreu no dia 27 de setembro a Madeira Uphill 2000 – Meia Maratona Mais Dura da Europa. Foram 21 km, quase sempre a subir, que nos levaram do mar aos 1800 metros de altitude.
Mal soube da realização deste evento, comprometi-me logo a participar. Há desafios que nos aliciam. Ir do Funchal ao Pico do Arieiro a correr, era uma coisa inimaginável para mim há cerca de 10 anos, altura em que cheguei ao Funchal pela primeira vez.

Para quem não tem a noção da dificuldade do evento, refiro-vos que esta subida está catalogada como a subida mais dura de Portugal e uma das mais duras da Europa, no que respeita ao ciclismo: http://www.viveodesporto.com/2015/07/lista-das-subidas-de-ciclismo-mais.html.


Numa prova com a dificuldade da Uphill 2000, e quando vamos com um espírito competitivo, como fui, acabamos por sofrer a sério. Após 1h15 de prova, comecei a sentir algumas dificuldades, pois o ritmo era alto. É aí que a parte mental entra em ação. Lutamos com todas as nossas forças e vamos buscar mais algumas não sabemos bem onde_ isto para não perder uns minutos e, no meu caso particular, para não deixar “fugir” o grupo com quem vinha desde o km 2 da prova.  Bastaria parar um pouco, repor forças e diminuir o ritmo. Mas não, continuamos em sofrimento até ao fim. Mas, também não é isso que nos motiva nestes eventos? Saber superar os sofrimentos! Isto para terminar em 16.º da geral absoluta, com o tempo de 2h17 minutos, com uma FC média de 166 bpm, sendo que os últimos 500 mts foram acima de 175 bpm,! Todo este sofrimento final para recuperar  os 4 lugares que tinha "perdido" uns kms antes. Mesmo assim, com todo este esforço, fiquei a cerca de 23 minutos do grande vencedor, Marco Silva, que demorou 1h54 a percorrer esta distância (menos que alguns fazem em terreno plano).  Um super atleta amador que, em distâncias “curtas” de montanha, costuma arrasar a concorrência.

Em relação à minha prestação, estou super satisfeito, pois apontava fazer a prova algures ente 2h20/2h25. Aproveito para dar um agradecimento à RUNSOX, uma empresa especialista em meias de compressão, com produtos de qualidade e a preços altamente competitivos e que apoia atletas amadores, como eu e como vós. Todo o equipamento MUND que utilizei funcionou na perfeição e adorei particularmente os calções que, apesar de serem de compressão, são altamente confortáveis e transpiráveis. Podem ver os produtos em www.runsox.eu


A prova em si: Madeira  Uphill 2000

A Uphill 2000 foi designada a  meia maratona mais dura da Europa. Uma nomeação que não consegui comprovar mas, se não for a mais dura, há-de ser das mais duras. Até porque, não há por esta Europa fora assim tantos lugares onde se possam fazer mais de 20 km de subida contínua, mesmo nos Alpes, ou Pirinéus. No Brasil existe um evento semelhante, o Mizuno Uphill, com distâncias maiores, num outro formato, mas sem ter uma subida desta dimensão.
No meu entender, esta prova tem características para se tornar internacional, e uma das referências neste tipo de eventos, de grau de dificuldade elevado, em estrada. Mesmo sendo uma corrida de montanha em estrada, o clima, a paisagem, a oportunidade de fazer turismo ativo, tornam o a Madeira Uphill 2000 muito atrativa. Tal como o MIUT, esta é uma prova onde a Madeira deve apostar, ao contrário de outros eventos, tal como a Maratona Internacional, que nunca conseguirá ser atrativa, devido às condicionantes orográficas.

A organização acabou por ter falhas grosseiras, mas também há muitos aspetos positivos a salientar. As falhas já terão sido detetadas e penso que na próxima edição estejam já corrigidas.
Para o ano voltarei a participar e espero que muitos de vós também o façam. Em setembro o clima na Madeira é ótimo, com a água ainda a 24 graus. É fazer a prova, descer e ir mandar um mergulho no mar :)

Carlos Oliveira





quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Avaliação da passada do atleta - FOOT ID da ASICS

Numa mera casualidade, descobri que a ASICS vai desenvolver uma avaliação da nossa passada, denominada FOOT ID, durante o mês de Outubro em várias cidades de Portugal. Infelizmente, pelo que vi, as ilhas ficam de fora, daí não ter a possibilidade de realizar esta avaliação. O FOOD IT consiste em obter uma análise completa e precisa do pé, em situação estática e dinâmica com uma duração de 40 minutos.

Com esta avaliação, é possível determinar qual o tipo de passada, assunto que já falei num artigo, http://www.viveodesporto.com/2014/11/o-que-devo-saber-antes-de-escolher-as_96.html, e desta forma impedir/eliminar algumas lesões devido ao uso de calçado inadequado.
Segundo o site da ASICS, trata-se de um sistema “tridimensional que consegue integrar claramente dados podológicos que outros sistemas não conseguem e contem mais de 5000 medidos em toda a Europa. Um especialista da ASICS irá medir o seu pé através da ajuda de um scanner composto por 4 lazeres e 8 câmaras. Tudo é analisado, desde o comprimento e à altura do pé, passando pela largura do calcanhar. Todos os dados recolhidos permitem analisar os pés e estabelecer um perfil preciso. O sistema revela qualquer desvio em relação ao pé “comum”. Analisa as pegadas e calcula o ângulo do tendão de Aquiles através de uma imagem bidimensional da parte de trás do pé”.
O valor desta avaliação tem um custo de 20€ mas, pelo que me deu a perceber, recebemos um vale com o mesmo valor, que podemos utilizar na compra de umas novas sapatilhas ASICS.
Mais informação, assim como as cidades e as datas do FOOT ID  , está disponível no site da ASICS http://www.asics.pt/running/foot_id/.
Carlos Oliveira


quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A grandiosidade de uma super aventura não concretizada: a Aventura Insana no Mont Blanc não foi concluída? Para mim foi superiormente alcançada! Parabéns Insanos….

Para os que lêem, com regularidade, o vive o desporto já conhecem a Insana Aventura: um super desafio nos Alpes, em redor do Mont Blanc, onde 110 equipas de 3 elementos tinham de percorrer 308kms, com uns impressionantes 30.000mts de desnível positivo, por  entre trilhos quase inacessíveis, muitas ascensões aos picos de quase 3.000mts, com as também difíceis descidas associadas, num tempo máximo de 142horas.

Esse desafio teve o seu início no dia 24 de Agosto, altura em que Chamonix é a capital mundial do trail running, com milhares de participantes nas diversas distâncias do UTMB. Mas, só um grupo restrito de cerca de 300 elementos participam na La Petite Trotte à Leon, a super aventura de 308kms.
Apesar de não conhecer pessoalmente estes 3 aventureiros ( Aires Barata, Diogo Tavares e Hugo Rocha), rapidamente me apaixonei pela sua aventura, pois trata-se de algo que não está ao alcance da maioria. Por isso, fui acompanhando todos os preparativos e incidências até ao grande dia. No dia 24 de Agosto o meu facebook parecia uma autoestrada para Chamonix  pois, para além dos Insanos, tinha um grupo de Madeirenses no UTMB , alguns meus conhecidos, que seguia com atenção, e a quem aproveito para dar novamente os meus parabéns pelas suas excelentes prestações.


Os posts iam saindo, com as incidências da aventura,  até que a pior notícia foi difundida por um atento seguidor: ATENÇÃO QUE ELES ULTRAPASSARAM A BARREIRA DE TEMPO NUM POSTO DE CONTROLO”. Inicialmente pensei ser algum engano, mas depois veio a confirmação. Rapidamente o Diogo Tavares passou a informação que estavam todos bem e que iriam explicar o que tinha acontecido.
É essa explicação que fica de seguida, que aconselho a que leiam num só fôlego e que consigam entrar naquele maravilhoso, mas exigente mundo da Insana Aventura. Obrigado aos três por nos proporcionarem tão grande testemunho!

24 Agosto, 5 da tarde - Chamonix

Ao rubro aquela saída de 300 atletas, 110 equipas de aventureiros arrancam para a mais épica das provas de montanha da Europa. Le Petit Trote à Leon.
O primeiro quilometro é arrepiante. Em chuva, a rua estava cheia de gente a aplaudir, os badalos, o Promontory em pano de fundo. Incrível.
Esta prova não foi de trail running, foi uma aventura de alta-montanha, de resistência física, mental e espírito de equipa.
Consistentes desde o início, sem pressas. Segundo o nosso plano se mantivéssemos o ritmo entre os 2 e os 3km/h teríamos margem para dormir pelo menos 3 horas por noite. Esse era o plano, depois veio a realidade.
O perfil do PTL este ano teve um plus considerável no nível de dificuldade dos tracks e no número de colos. Um conceito híbrido entre o montanhismo e o alpinismo.
As secções de altitude são sempre extremamente técnicas o que por vezes levava-nos a ritmos a baixo dos 1km/h - Bem-vindos aos Alpes, meus caros!
Ascensões de 1500m e descendentes de 2000m sempre em curso até aos 3000m de altitude juntam-se à festa.
Refuge de Presset, 68km com foi a primeira vez que fechamos os olhos durante pouco mais de 1h e seguimos viagem com energia reforçada pela massa carbonara. Salve a boa onda da Carole Pirole.
Os Alpes tem uma escala que não é a nossa. É esmagador. Maravilhoso mundo selvagem, inóspito, sem qualquer vestígio do homem. De muitas coisas que o PTL nos deu foi estar ali. Só o Aires, o Rocha e o Diogo, sozinhos, com os Alpes foi o maior dos privilégios.
A viagem prosseguiu até ao primeiro ponto de vida, Hospice Saint-Bernard aos 102km: uma perna de coelho, 2 horas de sono e roupa nova. Haja alegria!!
A consistência na passada manteve-se firme. As subidas e descidas técnicas começaram a aumentar proporcionalmente à cumplicidade que se criava com as equipas com que nos cruzámos. O experiente Dima dos EUA, o Erik da Bélgica, o bravo Sidney do Brasil, a canadiana Harriet os espanhóis boa onda, a turma da Indonésia que afinal até temos amigos em comum, enfim, estávamos horas nisto.
1:30am, dia 27 Agosto e, depois de uma longa jornada de lua semi cheia, chegamos ao Refuge Deffeyes. Levávamos 133km nas pernas, muito cansaço acumulado e uma grande preocupação: a barreira horária de 7 horas para fazer 17km, atravessar o Col Colmet (o mais técnico até agora), quase a picar os 3000m e descer a pique 1500m pela tenebrosa cascalheira glaciar até Morgex, Itália.
Engolimos a melhor sopa das nossas vidas e avançamos a terceira noite na companhia de 2 equipas francesas. O ritmo era alto e quanto mais subíamos mais difícil era a progressão. Muita pedra solta, as marcações mal se viam, seguia-mos o GPS às cegas e é aqui que sentimos os primeiros sinais. O passo deixa de ser seguro, os tropeções aumentam e eu, no topo da lista. O cansaço acumulado com a falta de sono apodera-se das pernas e deixam de responder às ordens do cérebro. É aqui que entra a equipa. Nestas circunstâncias um pé em falso pode significar a morte. Aqui não há metáforas. A entrada para este Col segue através de um desfiladeiro de pedra grande e solta. Se alguém cai aqui, desaparece no escuro. É demasiado arriscado continuar e a decisão foi unânime: precisamos de 2 horas de repouso. A quase 2900m de altitude os padrões de conforto não podem ser muito altos, logo as medidas foram tomadas rapidamente. Shelter para fora, vestir toda a roupa quente que está na mochila e por em prática a melhor técnica de conchinha tão gozada nos dias anteriores. Dentro do shelter só me lembro do Aires e o Rocha comentarem qualquer coisa acerca do céu. Espreitei por um segundo e em menos de nada adormeci profundamente. O céu estava incrível.
3 varas verdes a tremer de frio. Tinham passado 2 horas e já tínhamos luz do dia. Shelter encharcado por dentro e por fora e haviam mais calhaus por baixo do nosso corpo do que pregos na cama de um faquir. Mas a noite tinha passado e o corpo já respondia. Eu precisei de alguns segundos para o sangue chegar ao cérebro. Recompostos, alcançamos o Col em menos de 10m.
O que se seguiu foram 14km a descer 2000m, agora com o passo seguro, confiantes e agora, sem pressas. A decisão da noite passada iria ditar o fim da nossa prestação. Já o sabíamos desde o momento que tirávamos o shelter da mochila. Pelas nossas contas (e mais tarde confirmou-se), iria-mos chegar 3 horas depois da barreira de tempo ao controlo em Morgex.
Durante as 5 horas seguintes até Morgex dei por fazermos uma fila com cerca de 15/20m de distância entre uns dos outros. Creio que estava cada um à sua maneira a lidar com a retirada inevitável do PTL. Do monstro maravilhoso que é o PTL.
Mas de uma coisa estou certo. Seja qual for a purga de cada um de nós optou, a decisão que se tomou foi em equipa e a mais correcta.
O Mont Blanc irá continuar por aqui e um dia destes havemos de regressar para dobrar a outra metade.
Por fim gostávamos do fundo do coração de agradecer a todos os amigos que nos acompanharam nesta aventura, os triliões de likes, as palavras de incentivo e, esperemos nós, de muito entusiasmo feminino. Não será todos os dias que nos verão de licras justas wink emoticon
Graças a vocês a Insana Aventura deixou de ser três tipos a querer fazer uma prova difícil com muitos quilômetros. A Insana Aventura passou a ser um conceito mais amplo, uma forma de viver a vida no meio da natureza na procura constante de novos desafios pondo à prova os nossos limites.
Até breve!!!”




quinta-feira, 30 de julho de 2015

Lista das subidas de ciclismo mais duras do Mundo!

Redescobri recentemente um site que cataloga as subidas/climbs por todo o mundo. Redescobri, porque já há uns anos por lá tinha pesquisado umas subidas, mas entretanto nunca mais lá tinha ido e agora está muito mais completo. http://www.climbbybike.com/
Como se percebe, as subidas mais difíceis do mundo são desconhecidas da maioria de nós, pois não fazem parte dos circuitos mundiais de ciclismo. Mas é interessante olhar para aqueles gráficos e aquelas distâncias.

Deixo uma lista das subidas mais difíceis de Portugal e Brasil, assim como algumas das mais conhecidas das grandes voltas.

Subidas mais  duras/difíceis de Portugal

Como vivo na Madeira, acabo por ser um sortudo. Por aqui encontram-se as subidas mais difíceis de Portugal e até da Europa, sendo que já fiz algumas delas.
Subir de bicicleta até ao Pico do Arieiro, pelo Caminho do Comboio, permite-nos fazer a 55.ª subida mais dura do mundo. São 17,5 Kms a 10,5%, sendo que entre os quilómetros 1 e 4 a média é de quase 18%! Apesar de difícil, não é comparável à subida mais dura do mundo, situada no Hawai. A Mauna Kea são 68,6kms a 6,1%. Partimos do mar e vamos até aos 4100metros!
De entre as subidas mais duras de Portugal, que fazem parte das normais competições ciclísticas, as mais duras encontram-se na Serra da Estrela, como seria de esperar. A normal Seia-Torre encontra-se no lugar 532. São 30kms a 5,2%. Fora da Serra da Estrela, a subida de S.Macário, perto de Viseu, é das subidas mais difíceis. São 9 Kms a 9,1%. Ainda neste mês foi palco do final de uma etapa da Volta ao Futuro.
Pico do Arieiro; Seia-Torre; S. Macário foram subidas que já fiz. Na próxima 5.º feira vou fazer Covilhã-Torre, uma das poucas subidas da Estrela que ainda não fiz, aproveitando para ver a etapa da Volta a Portugal que fará a mesma subida nesse dia.
A lista das subidas mais difíceis de Portugal  encontra-se em:

Subidas mais duras/difíceis do World Tour:

De entre as subidas onde normalmente acompanhamos os ciclistas nas grandes voltas, é em Itália que se encontram as maiores dificuldades. Passo dello Stlevio e Mortirollo são impiedosas. Para além das normais dificuldades, são normalmente acompanhadas por chuva/vento/neve!
Fiz uma pequena lista com o nome e o ranking das mais duras:






- Passo dello Stelvio (Itália): 122
- Mortirollo (Italia): 173
- Zoncolan (Itália):158
Mont Ventoux (frança): 203
Galibier ( França): 221
Angliru (Espanha): 258
Alpe D´Huez (França): 725

Subidas mais duras/difíceis do Brasil


No Brasil a subida mais dura encontra-se no Itatiaia Nacional Parque. São 40kms a 5,2%. Ocupa o lugar 185 do mundo!
Em S. Paulo encontra-se a subida da Serra do Paiol, com 6,64Kms a 11,8%.




A lista das subidas está feita. Agora é arranjar pernas, uns tostões e ir até elas para as subir! J
Carlos Oliveira



quinta-feira, 16 de julho de 2015

Skyroad GrandFondo da Serra da Estrela – A dureza de uma aventura em alta montanha

Aventurei-me este ano no Skyroad, conceito de provas onde nunca tinha participado, não por falta de vontade, mas porque estando a trabalhar na Madeira não é possível ir a todos os eventos que queremos. E comecei logo pela prova mais dura de todo o Skyroad, o Grandfondo da Serra da Estrela. Pedalar no topo de Portugal é sempre um desafio. Não era a maior distância, nem tão pouco o maior acumulado que já tinha feito, mas 132 km cronometrados com 4200 D+ são sempre de impor respeito, ainda para mais numa fase de maior incidência e treino no  atletismo e no trail.
Às 8:30 h da manhã, a vila de Manteigas estava a fervilhar. Cerca de 1200 ciclistas prontos para subir a Estrela, com equipamentos e bicicletas x.p.t.o., de tal forma que nem parecia que estávamos em Portugal, um país numa crise profunda. Ainda bem que a Troika já foi embora, pois de outra forma haveria maneira de taxar um pouco mais o país!

Como sabia que não estava num grande momento de forma ciclística, defini dois objetivos: o primeiro seria concluir; o segundo seria tentar o diploma finisher de ouro, sendo que para isso teria de fazer a prova abaixo das 6h10m. Não era uma tarefa impossível,  mas iria depender do desenrolar da prova, principalmente a sua parte final.
Saímos em direção às Penhas Douradas, subida fácil com baixos pendentes, apesar dos seus 19 km. Descemos em direção a Seia onde se encontrava o 1.º abastecimento. Seguimos depois em direção a Vide, onde nos esperava uma descida extremamente rápida e técnica e onde infelizmente acabaram por acontecer acidentes, isto apesar de uma fantástica sinalização da organização, quer com avisos, quer com elementos com apitos e bandeiras nas curvas mais perigosas. À medida que o dia ia avançando, o calor começou a fazer-se sentir, tal como alguma fadiga. Ao Km 100, com cerca de 2000D+, levava média de 25Km/h, dentro das minhas previsões. No entanto, sabia que os 32 km seguintes eram demolidores. Teriam uma ascensão de mais de 2000D+, com níveis de oxigénio mais baixos, pois subiria aos 1991 metros, já com fadiga acumulada e passando pelo terrível Adamastor, uma das subidas mais duras de Portugal.

Ao Km 113, chegava a maior dificuldade do dia: o Adamastor! Nunca tinha feito esta subida, mas alguns amigos já me tinham falado maravilhas. Bastaram algumas centenas de metros para ver como ela é fantástica! Pendentes até aos 16% em algumas curvas, e umas intermináveis retas com pendentes de 13/14% completamente expostas ao sol e ao vento. Uma delícia para quem, como eu, gosta de subir. Mas as pernas já não queriam nada com o Adamastor. Cada pedalada era um sacrifício! Felizmente que havia um abastecimento a meio. Que maravilha aquela melancia fresquinha! Devo ter comido uma inteira! Tive mesmo de por lá parar e tentar repor energias. Mesmo após o abastecimento, o suplício continuou. Quando cheguei ao cruzamento da estrada que liga Seia à Torre, disse adeus ao Adamastor com a certeza de que nos havemos de encontrar, mas dessa vez noutras condições para desfrutar a sério esta magnífica subida.

Do final do Adamastor à Torre foi gerir, tendo demorado mais do dobro do tempo do meu melhor registo desse segmento, que já fiz várias vezes subindo por Seia. Mas lá cheguei, feliz, com aquela sensação de prazer e fadiga, que só quem gosta destas maiores distâncias conhece. O grande objetivo estava alcançado! O 2.º objetivo ficou a 30 minutos. Foram 6h:40m de tempo de prova, Os últimos 30kms acabaram por deixar a sua marca!

A ORGANIZAÇÃO

Já me tinham falado da organização do Skyroad, mas sentir na pele é uma satisfação. Profissionais de qualidade! Desde o primeiro ao último minutos não detetei uma falha. Carros e motos de apoio para cima e para baixo, principalmente nos últimos kms; abastecimentos em número mais que suficiente e bem recheados; sinalização ao longo da estrada feita por dezenas de pessoas, nos cruzamentos e nas curvas mais perigosas; e simpatia, sempre muita simpatia com todos os que contactei. Para além disso, os pormenores: no final da subida do Adamastor dois figurantes devidamente trajados representando o Adamastor e talvez uma Ninfa do Tejo? Penso que terá sido a organização a ter esta brilhante ideia. Estávamos a dobrar o Adamastor! As tormentas tinham acabado!

AS MEIAS DE COMPRESSÃO

Durante a prova utilizei as minhas meias de compressão. Apesar de alguns amigos me incentivarem a não utilizar, porque no ciclismo ninguém utiliza, decidi utilizar porque me sinto bem com elas e porque nenhum estudo as contra-indica. A verdade é que, durante a prova, foram poucos os que vi utilizar meias. No entanto, no final da prova, vi muitos participantes com meias de compressão, para assim acelerar a recuperação muscular. Claramente uma boa escolha. Agora a pergunta que faço é a seguinte: numa prova longa, como o Skyroad, não necessitamos de recuperação ainda durante a prova? Por isso, neste tipo de distâncias continuarei a utilizar meias de compressão, tal como utilizo no trail e no atletismo de fundo. Obrigado à Runsox, loja especializada em meias de compressão, www.runsox.eu, pelos excelentes conselhos e pelo apoio que me têm dado!


Carlos Oliveira