A
prática desportiva durante a gravidez ainda gera muitas dúvidas nos casais,
existindo ainda o mito que as grávidas não podem desenvolver praticamente
nenhuma atividade física, ou então que só podem fazer “caminhadas”. Importante
será referir que, antes de mais, a gravidez não é uma doença e que, apesar de
provocar algumas alterações na mulher, permite-lhe continuar a realizar um
estilo de vida idêntico ao estado de não grávida, desde que saudável.
Estudos
comprovam que o exercício físico é essencial para uma gravidez mais saudável, e
para uma melhor qualidade de vida da gestante e do bebé. Estudos realizados em
3 Universidades espanholas afirmam que praticar exercício físico moderado três
vezes por semana durante o segundo e o terceiro trimestre da gravidez reduz
para metade o risco dos bebés nascerem com um peso elevado, ou seja com um peso
superior a quatro quilogramas. No mesmo estudo, os resultados referem que
apesar de não haver uma relação direta com o surgimento nos bebés de diabetes
mellitus gestacional, reduz o risco de dois fatores que lhe estão associados,
como o excesso de peso da criança e o parto por cesariana.
Outros
estudos revelam ainda que o exercício físico também tem impacto na melhoria da
saúde cardíaca do recém-nascido desde o início da vida. Portanto, o exercício
não só ajuda a melhorar e a manter a saúde das mães, como contribui também para
dar aos bebés um início de vida saudável. Também um estudo da Universidade de
Montreal provou que 45 minutos de atividade física, 3 vezes por semana, na
gestante, proporcionam ao feto um maior desenvolvimento cerebral. Este estudo
vem ao encontro de anteriores estudos que provam que o desporto desenvolve as
capacidades cerebrais de todos os que o praticam, desde crianças a adultos.
Acredita-se, portanto, que os fetos podem também usufruir deste
desenvolvimento, ainda na barriga da mamã…
O
medo de cair, de ser atingida por alguém ou por algum objeto é, normalmente, o
que afasta as grávidas do exercício. E esses são, sem dúvida, fatores a ter em
conta, pelo que as atividades de intensidade baixa ou moderada são as mais
indicadas, e não são recomendadas atividades coletivas em que exista contacto
físico. O exercício praticado em meio aquático é recomendado, já que reduz o
impacto, aumenta a resistência, a capacidade respiratória e a queima de
calorias. Idealmente, uma grávida deve aumentar pouco mais de um quilo por mês,
pelo que a prática de exercício físico, a par de uma alimentação saudáveis são
essenciais. Um dos receios das atividades aquáticas, em piscinas, tem a ver com
questões sanitárias, pelos que as futuras mamãs devem verificar qual a
qualidade da água das piscinas em questão. No entanto, para além de atividades
aquáticas, há outras atividades que poderão ser realizadas.
Natação/
hidroginástica – realizada em água
morna, permite que os músculos relaxem , aumenta a circulação sanguínea,
proporciona bem estar, etc…
Tai-chi-chuan
– modalidade que trabalha o equilíbrio e a coordenação, melhora
igualmente a musculatura usada no parto e ajuda a suportar as contrações.
Yoga – trabalha a respiração, concentração e o
equilíbrio, através de exercícios de alongamento e relaxamento.
Pilates – o treino muscular, de correção
postural e do pavimento pélvico, preparam a grávida física e psicologicamente
para o parto.
Dança – cada vez que dança são libertas endorfinas, as hormonas associadas ao prazer
e bem-estar. Ajuda a relaxar e a criar uma maior ligação com o bebé. Devem
fazer-se movimentos suaves e controlar a respiração.
Bicicleta
ergométrica – É uma atividade aeróbia, que permite gastos calóricos
significativos, além de tonicidade muscular.
E
claro, as famosas caminhadas, que trazem tranquilidade, aumentam a frequência
cardíaca, e consequente irrigação sanguínea, permitem algum gasto calórico e
proporcionam muitas vezes um momento de partilha entre os futuros pais. É o
momento em que mais vejo casais a caminhar de mão dada, a “namorar”.
Existem
outras atividades que podem, e devem, ser realizadas. Estas são apenas algumas
sugestões. Não esqueçam sempre os alongamentos. São fundamentais!
Carlos
Oliveira