O Ironman é,
porventura, a mais dura prova de endurance que existe. São cerca de 9 horas de prova
(para os melhores) e mais de 11 horas para a maioria dos participantes, de
grande desgaste físico e mental. É muito frequente a desistência num Ironman,
tal a sua dureza. Claro que há muitas provas duras, tal como os ultra-trails,
as ultra maratonas, etc. Mas um Ironman torna-se mais agressivo, uma vez que
junta os 3 segmentos (natação, ciclismo e atletismo). Se um triatlo olímpico já
é duro, um Ironman não tem palavras! Tenho alguns amigos e alguns conhecidos
que já fizeram um half ironman e descrevem-no com uma dureza ímpar. E só estão a
meio do Ironman!
Tendo lido um
excelente artigo de como reage o corpo durante esta fantástica prova, escrito
pela Mass Body, pedi-lhes autorização para fazer uma pequena adaptação ao
texto, de forma a torná-lo mais simples e menos técnico. Espero que fiquem
esclarecidos, entusiasmados e sem medo de experimentar, isto caso tenham
disponibilidade de treino e muita, mesmo muita, força de vontade!
Dentro
das mitocôndrias, as moléculas de glicose e triglicerídeos são processadas a um
ritmo alucinante produzindo gás carbónico, água e energia. O oxigénio
penetra nas membranas das células musculares causando uma deterioração
comparável ao envelhecimento de 20 anos em 10 segundos.
As
alterações iniciam-se antes mesmo da partida. A mera antecipação do exercício
aumenta o fluxo sanguíneo bem como o consumo de oxigênio e a libertação de
hormonas, incluindo epinefrina (adrenalina), que ativam os músculos para a
atividade.
Quando
a prova começa, o estado bioquímico muda de acordo com a modalidade_ natação, ciclismo e
corrida. Os maiores desafios fisiológicos são a regulação da temperatura
corporal, desidratação, fornecimento de combustível, lesão muscular, a absorção
de nutrição e processamento e a fadiga cerebral.
Nos
dias quentes, quase 3/4 da energia muscular produzida assume a forma de
resíduos de calor que se acumulam nos músculos causando danos teciduais graves.
O corpo combate este aumento de temperatura transpirando mas, ainda assim, cria desaceleração e obriga-o a correr mais devagar.
"Entre os 10 a 20% da prova, a temperatura do núcleo aumenta de forma relativamente rápida", diz Jonathan Dugas, Ph.D., fisiologista na Universidade de Chicago. "Pode subir para 37,5 a 38,75º graus. "
O corpo combate este aumento de temperatura transpirando mas, ainda assim, cria desaceleração e obriga-o a correr mais devagar.
"Entre os 10 a 20% da prova, a temperatura do núcleo aumenta de forma relativamente rápida", diz Jonathan Dugas, Ph.D., fisiologista na Universidade de Chicago. "Pode subir para 37,5 a 38,75º graus. "
Mas
este mecanismo de autoproteção pode falhar se o cérebro se tornar mais quente.
Quando isso acontece, o sistema nervoso central começa a funcionar mal e o
atleta fica tonto, desorientado, sem coordenação, e pode entrar em colapso.
O
atleta queima entre 6.000 a 10.000 kcal provenientes de gorduras
armazenadas no tecido adiposo e no tecido muscular, de glicogénio armazenado no
fígado e músculos, dos aminoácidos libertados a partir da quebra de proteínas
musculares e calorias ingeridas durante o evento, geralmente sob a forma de
hidratos de carbono.
A meio da corrida (parte
final da prova), o glicogénio muscular atinge níveis críticos nos gémeos,
quadríceps e isquiotibiais. A contribuição total de carboidratos continua a
cair e a gordura aumenta a oxidação.
A incapacidade de fornecer energia suficiente para os músculos é uma das principais razões pelas quais os que não treinam para um Ironman não o conseguem completar. A resistência é limitada pela disponibilidade de glicogénio no fígado e nos músculos.
A incapacidade de fornecer energia suficiente para os músculos é uma das principais razões pelas quais os que não treinam para um Ironman não o conseguem completar. A resistência é limitada pela disponibilidade de glicogénio no fígado e nos músculos.
Speedy (1) demonstrou que, depois de terminar um Ironman, o atleta revela uma perda de 2,5 kg de massa corporal total.
Kimber (2) revelou que os triatletas masculinos Ironman gastam cerca de 10.000 kcal por prova e ingerem cerca de 4.000 kcal, resultando em um déficit de energia em torno de 6.000 kcal.
A energia fornecida por ingestão supre cerca de 40% da energia total despendida, ficando mais de metade a cargo do combustível endógeno.
O
stress do tecido muscular pode ser o maior desafio. Um vasto número de células
musculares morrem ou são danificadas. A principal causa de lesão muscular é
mecânica e causada principalmente pelas contrações musculares excêntricas.
O
triatleta profissional australiano Chris Legh passou por uma cirurgia de
emergência para remover metade do cólon após o Ironman Hawaii 1997. Uma boa
parte do órgão tinha, literalmente, “morrido” durante o evento devido ao
suprimento inadequado de oxigênio. Apesar de raro, e no caso de Legh
provavelmente relacionado com um defeito cardíaco congénito, completar um
Ironman é stressante para o sistema gastrointestinal criando desconforto no
estômago, inchaço, náuseas, vómitos e diarreia.
A
RETA FINAL DE UM IRONMAN
Quem
já completou um Ironman, sabe que os últimos quilómetros são uma experiência
única. O simples ato de levantar o pé do chão para dar o próximo passo é
semelhante a executar um agachamento pesado. Uma pesquisa do Instituto Nacional
do Desporto e Educação Física de Paris, confirma que o gasto energético de
correr no final de um triatlo é significativamente maior do que apenas correr
sem natação e ciclismo, agora imaginem num Ironman!
O
PÓS- IRONMAN
São
necessários alguns dias para o corpo recuperar. Estudos revelam que os bio
marcadores de lesão muscular e inflamação permanecem significativamente elevados
durante quase três semanas!
O
sistema imunológico desempenha um papel importante na recuperação após o exercício
exaustivo, mas o próprio sistema imunológico é dominado pelo stress da corrida.
A função imunitária permanece reduzida durante as 72 horas seguintes,
aumentando consideravelmente a suscetibilidade do atleta para infeções virais e
bacterianas!
É
comum o aparecimento de depressão humoral nas semanas após um Ironman,
conhecida como “Post-Race Blues", provavelmente mais um sintoma da
síndrome de overtraining, conhecido por perturbar os neurotransmissores
cerebrais que influenciam o humor.
FATORES
DIFERENCIADORES POSITIVOS
Todos
os triatletas sabem que a prática regular de Massagem Desportiva é um fator
positivo diferenciador, quer na fase de preparação, quer na recuperação
pós-evento.
Os benefícios são muitos e variados importando realçar a sua eficácia na redução do período de recuperação muscular aos danos sofridos e na capacidade de melhoria da performance desportiva.
Os benefícios são muitos e variados importando realçar a sua eficácia na redução do período de recuperação muscular aos danos sofridos e na capacidade de melhoria da performance desportiva.
OS IRONMAN PORTUGUESES
Os Ironman portugueses, detentores da melhor marca nacional,Vanessa Pereira (5ª Ironman Challenge Vichy 2013) e Sérgio Marques (1º no Ironman Barcelona 2013; 2º no Ironman de Israel 2015 e 7.º no Ironman de Lanzarote 2015) recebem Massagem Desportiva desde 2013 na Mass Body.
Fonte:
Texto da responsabilidade da Mass Body, adaptado da edição de Jan./Fev. 2009 da
revista Inside Triathlon.

Institute of General Practice and for Health Services Research, University Hospital, Zurich, Switzerland
(1) Speedy DB, Noakes TD, Kimber NE, Rogers IR, Thompson
JM, Boswell DR, Ross JJ, Campbell RG, Gallagher PG,
Kuttner JA. Fluid balance during and after an Ironman triathlon.
Clin J Sport Med. 2001;11:44-50.
(2) Kimber NE, Ross JJ, Mason SL, Speedy DB. Energy balance during an Ironman triathlon in male and female triathletes.
Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2002;12:47-62.

Institute of General Practice and for Health Services Research, University Hospital, Zurich, Switzerland
(1) Speedy DB, Noakes TD, Kimber NE, Rogers IR, Thompson
JM, Boswell DR, Ross JJ, Campbell RG, Gallagher PG,
Kuttner JA. Fluid balance during and after an Ironman triathlon.
Clin J Sport Med. 2001;11:44-50.
(2) Kimber NE, Ross JJ, Mason SL, Speedy DB. Energy balance during an Ironman triathlon in male and female triathletes.
Int J Sport Nutr Exerc Metab. 2002;12:47-62.