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quarta-feira, 2 de setembro de 2015

A grandiosidade de uma super aventura não concretizada: a Aventura Insana no Mont Blanc não foi concluída? Para mim foi superiormente alcançada! Parabéns Insanos….

Para os que lêem, com regularidade, o vive o desporto já conhecem a Insana Aventura: um super desafio nos Alpes, em redor do Mont Blanc, onde 110 equipas de 3 elementos tinham de percorrer 308kms, com uns impressionantes 30.000mts de desnível positivo, por  entre trilhos quase inacessíveis, muitas ascensões aos picos de quase 3.000mts, com as também difíceis descidas associadas, num tempo máximo de 142horas.

Esse desafio teve o seu início no dia 24 de Agosto, altura em que Chamonix é a capital mundial do trail running, com milhares de participantes nas diversas distâncias do UTMB. Mas, só um grupo restrito de cerca de 300 elementos participam na La Petite Trotte à Leon, a super aventura de 308kms.
Apesar de não conhecer pessoalmente estes 3 aventureiros ( Aires Barata, Diogo Tavares e Hugo Rocha), rapidamente me apaixonei pela sua aventura, pois trata-se de algo que não está ao alcance da maioria. Por isso, fui acompanhando todos os preparativos e incidências até ao grande dia. No dia 24 de Agosto o meu facebook parecia uma autoestrada para Chamonix  pois, para além dos Insanos, tinha um grupo de Madeirenses no UTMB , alguns meus conhecidos, que seguia com atenção, e a quem aproveito para dar novamente os meus parabéns pelas suas excelentes prestações.


Os posts iam saindo, com as incidências da aventura,  até que a pior notícia foi difundida por um atento seguidor: ATENÇÃO QUE ELES ULTRAPASSARAM A BARREIRA DE TEMPO NUM POSTO DE CONTROLO”. Inicialmente pensei ser algum engano, mas depois veio a confirmação. Rapidamente o Diogo Tavares passou a informação que estavam todos bem e que iriam explicar o que tinha acontecido.
É essa explicação que fica de seguida, que aconselho a que leiam num só fôlego e que consigam entrar naquele maravilhoso, mas exigente mundo da Insana Aventura. Obrigado aos três por nos proporcionarem tão grande testemunho!

24 Agosto, 5 da tarde - Chamonix

Ao rubro aquela saída de 300 atletas, 110 equipas de aventureiros arrancam para a mais épica das provas de montanha da Europa. Le Petit Trote à Leon.
O primeiro quilometro é arrepiante. Em chuva, a rua estava cheia de gente a aplaudir, os badalos, o Promontory em pano de fundo. Incrível.
Esta prova não foi de trail running, foi uma aventura de alta-montanha, de resistência física, mental e espírito de equipa.
Consistentes desde o início, sem pressas. Segundo o nosso plano se mantivéssemos o ritmo entre os 2 e os 3km/h teríamos margem para dormir pelo menos 3 horas por noite. Esse era o plano, depois veio a realidade.
O perfil do PTL este ano teve um plus considerável no nível de dificuldade dos tracks e no número de colos. Um conceito híbrido entre o montanhismo e o alpinismo.
As secções de altitude são sempre extremamente técnicas o que por vezes levava-nos a ritmos a baixo dos 1km/h - Bem-vindos aos Alpes, meus caros!
Ascensões de 1500m e descendentes de 2000m sempre em curso até aos 3000m de altitude juntam-se à festa.
Refuge de Presset, 68km com foi a primeira vez que fechamos os olhos durante pouco mais de 1h e seguimos viagem com energia reforçada pela massa carbonara. Salve a boa onda da Carole Pirole.
Os Alpes tem uma escala que não é a nossa. É esmagador. Maravilhoso mundo selvagem, inóspito, sem qualquer vestígio do homem. De muitas coisas que o PTL nos deu foi estar ali. Só o Aires, o Rocha e o Diogo, sozinhos, com os Alpes foi o maior dos privilégios.
A viagem prosseguiu até ao primeiro ponto de vida, Hospice Saint-Bernard aos 102km: uma perna de coelho, 2 horas de sono e roupa nova. Haja alegria!!
A consistência na passada manteve-se firme. As subidas e descidas técnicas começaram a aumentar proporcionalmente à cumplicidade que se criava com as equipas com que nos cruzámos. O experiente Dima dos EUA, o Erik da Bélgica, o bravo Sidney do Brasil, a canadiana Harriet os espanhóis boa onda, a turma da Indonésia que afinal até temos amigos em comum, enfim, estávamos horas nisto.
1:30am, dia 27 Agosto e, depois de uma longa jornada de lua semi cheia, chegamos ao Refuge Deffeyes. Levávamos 133km nas pernas, muito cansaço acumulado e uma grande preocupação: a barreira horária de 7 horas para fazer 17km, atravessar o Col Colmet (o mais técnico até agora), quase a picar os 3000m e descer a pique 1500m pela tenebrosa cascalheira glaciar até Morgex, Itália.
Engolimos a melhor sopa das nossas vidas e avançamos a terceira noite na companhia de 2 equipas francesas. O ritmo era alto e quanto mais subíamos mais difícil era a progressão. Muita pedra solta, as marcações mal se viam, seguia-mos o GPS às cegas e é aqui que sentimos os primeiros sinais. O passo deixa de ser seguro, os tropeções aumentam e eu, no topo da lista. O cansaço acumulado com a falta de sono apodera-se das pernas e deixam de responder às ordens do cérebro. É aqui que entra a equipa. Nestas circunstâncias um pé em falso pode significar a morte. Aqui não há metáforas. A entrada para este Col segue através de um desfiladeiro de pedra grande e solta. Se alguém cai aqui, desaparece no escuro. É demasiado arriscado continuar e a decisão foi unânime: precisamos de 2 horas de repouso. A quase 2900m de altitude os padrões de conforto não podem ser muito altos, logo as medidas foram tomadas rapidamente. Shelter para fora, vestir toda a roupa quente que está na mochila e por em prática a melhor técnica de conchinha tão gozada nos dias anteriores. Dentro do shelter só me lembro do Aires e o Rocha comentarem qualquer coisa acerca do céu. Espreitei por um segundo e em menos de nada adormeci profundamente. O céu estava incrível.
3 varas verdes a tremer de frio. Tinham passado 2 horas e já tínhamos luz do dia. Shelter encharcado por dentro e por fora e haviam mais calhaus por baixo do nosso corpo do que pregos na cama de um faquir. Mas a noite tinha passado e o corpo já respondia. Eu precisei de alguns segundos para o sangue chegar ao cérebro. Recompostos, alcançamos o Col em menos de 10m.
O que se seguiu foram 14km a descer 2000m, agora com o passo seguro, confiantes e agora, sem pressas. A decisão da noite passada iria ditar o fim da nossa prestação. Já o sabíamos desde o momento que tirávamos o shelter da mochila. Pelas nossas contas (e mais tarde confirmou-se), iria-mos chegar 3 horas depois da barreira de tempo ao controlo em Morgex.
Durante as 5 horas seguintes até Morgex dei por fazermos uma fila com cerca de 15/20m de distância entre uns dos outros. Creio que estava cada um à sua maneira a lidar com a retirada inevitável do PTL. Do monstro maravilhoso que é o PTL.
Mas de uma coisa estou certo. Seja qual for a purga de cada um de nós optou, a decisão que se tomou foi em equipa e a mais correcta.
O Mont Blanc irá continuar por aqui e um dia destes havemos de regressar para dobrar a outra metade.
Por fim gostávamos do fundo do coração de agradecer a todos os amigos que nos acompanharam nesta aventura, os triliões de likes, as palavras de incentivo e, esperemos nós, de muito entusiasmo feminino. Não será todos os dias que nos verão de licras justas wink emoticon
Graças a vocês a Insana Aventura deixou de ser três tipos a querer fazer uma prova difícil com muitos quilômetros. A Insana Aventura passou a ser um conceito mais amplo, uma forma de viver a vida no meio da natureza na procura constante de novos desafios pondo à prova os nossos limites.
Até breve!!!”




quarta-feira, 17 de junho de 2015

Como se prepara um ultra trail de 300 km e 26.000 D+? Entrevista aos 3 amigos que vão realizar La Petite Trotte à Léon, no Mont Blanc! A Insana Aventura ao Mont Blanc!

Como alguns têm conhecimento, o Vive o Desporto tem acompanhado e divulgado a preparação da Insana Aventura ao Mont Blanc, um desafio épico que será realizado por três ultramaratonistas em agosto, nos Alpes.
Há já algum tempo que me vou interrogando de como se desenvolve o planeamento de um ultra trail, por parte de um atleta amador, que tem a sua vida profissional, a sua família e tudo o que faz parte do dia-a-dia de um cidadão comum. Se já é difícil conciliar o trabalho e a família na preparação de pequenas provas, como será preparar uma aventura “insana” de trail de 6 dias, 300 km e 26.000 metros de desnível positivo em redor do Mont Blanc, nos Alpes?

O Aires Barata, o Diogo Tavares e o Hugo Rocha, são os 3 amigos aventureiros que vão fazer esse desafio no dia 24 de agosto de 2015 e, dentro do seu tempo apertado, concederam uma entrevista onde nos contam a preparação de um evento desta dimensão.


Vive o Desporto: Como e quando surgiu a ideia de realizar um evento desta magnitude?

A ideia de nos aventurarmos nesta aventura surgiu já em 2012, quando estava (Aires) em Chamonix para a 10ª edição do UTMB. O Hugo Rocha passou por lá em passeio e conhecemos os dois Madeirenses, Gonçalo Silva e Pedro Alves, que participaram na prova. Nessa altura ainda achávamos que era uma aventura impossível, mas o bichinho ficou. No ano passado, voltámos a Chamonix para o UTMB (Aires) e TDS (Rocha) a respirar aquele ambiente que envolve a prova. Achámos que estava na altura de deixar de pensar que, “quando fôssemos grandes, havíamos de fazer aquela prova” e foi a ver partir os participantes do ano passado que chegámos à conclusão que em 2015, também nós teríamos que estar naquela linha de partida!
Há aventuras difíceis, há as insanas, mas creio que posso falar por toda a equipa, não há aventuras impossíveis!

Vive o Desporto: Façam uma pequena descrição do evento.

La Petite Trotte à Léon é um evento de ultra-resistência em equipa, de dificuldade extrema, que se realiza em alta montanha, longe de caminhos trilhados. Este evento não é uma corrida, é uma experiência. Uma longa jornada realizada em autonomia total por uma equipa determinada de 3 amigos.
A aventura consiste em contornar a totalidade do maciço do Monte Branco em equipa, passando por três países: França, Itália e Suíça durante 300 km e 26 000 m de desnível positivo pelas zonas mais inóspitas da montanha. Atravessamos em corrida, a passo e, muitas vezes, em escalada. Paisagens únicas, aldeias de montanha, lagos, glaciares e os mais emblemáticos colos do maciço alpino!
Esta prova está integrada no evento Ultra-Trail du Mont-Blanc®.
Vive o Desporto: Mesmo ainda faltando 2 meses e meio, quanto tempo é despendido diariamente na preparação deste evento: no treino, logística, divulgação do evento, etc.
Como é fácil de imaginar, uma aventura destas necessita de uma logística complexa que vai desde os requisitos para a inscrição da prova, aquisição de equipamento técnico, transporte e estadia até ao planeamento de treino e nutricional.
No que toca à divulgação do projeto, tem sido um processo bastante intenso e nada disto seria possível se não fosse o incessante envolvimento e apoio dos nossos amigos e família. Há em curso uma campanha de crowdfunding na plataforma PPL:
http://ppl.com.pt/pt/prj/mont-blanc-ptl-2015 para a angariação de fundos para a nossa aventura. No que toca a divulgação, para já temos agendadas duas entrevistas para uma rádio e um jornal de grande público. E claro, plataformas da especialidade, como vocês, dão uma ajuda fantástica ao nosso projeto.

Vive o Desporto: Falando em treino: como se treina/prepara um trail de 300 km?

De facto, cada vez que nos ocorre a equação 300 km com 26 000 D+ em menos de 142 horas, é uma vertigem assustadora.
E, nestes momentos, que me ocorre uma frase do Seth Godin que diz “If it scares you, it might be a good thing to try”.
Não somos atletas, somos tipos normais que, quando há tempo, fogem a correr para onde se respira o ar puro, onde só se ouvem os animais, a água a correr e o vento a soprar nas orelhas. É neste ambiente que treinamos. Escolhemos a montanha porque gostamos de subir e subir, porque a seguir é a descer para subir novamente.
Nos últimos meses, temos só escolhido provas de montanha acima dos 100 km, como o MIUT K115, GTA K130, OMD K160 e a diabólica/deliciosa UTSF K100 ainda este mês.
Mas uma coisa é certa e incontornável, ninguém treina para 300 km!


Vive o Desporto: O que os move para desafios cada vez maiores? Os imensos sacrifícios que enfrentam não os fazem pensar, por vezes, que já basta?

Acho que é unânime, o que nos move para desafios maiores, é a superação dos desafios anteriores. Na prática, é o passo em frente, nenhum de nós o faz pela competição, é o prazer que tiramos dos percursos (quanto mais técnicos melhor), das paisagens de cortar a respiração, do convívio e partilha com a natureza que nos leva a sair do conforto das nossas casas para ir desfrutar do (des)conforto dos “hotéis“ de milhões de estrelas que encontramos por essas serras fora. Deste modo, ao superarmos  um desafio, podemos analisar se estamos em condições para avançar para outros cada vez maiores.
No fim do dia, a condição física e experiência que se vai obtendo em cada desafio (e na sua preparação), são um meio de nos podermos aventurar cada vez mais e abraçarmos desafios cada vez mais arrojados.

Vive o Desporto: Qual a logística do evento propriamente dito? Alimentação, dormida, higiene. Afinal são 5 noites numa das montanhas mais difíceis da europa.

Esta é a “Million dollar question”, é aquela que estamos a descobrir a resposta todos os dias e presumimos que só teremos a resposta completa quando chegarmos à meta. Sempre que nos juntamos para um treino ou mesmo uma conversa, descobrimos algo “que nos pode dar jeito” ou que “é pá, temos que salvaguardar isto”.
A organização vai fornecer-nos, mais perto da data da prova, o percurso detalhado da mesma. Nessa altura, teremos de discutir a estratégia que vamos seguir, assim como os planos B, C e se calhar o D também. Essa estratégia vai passar essencialmente pelas nossas perspetivas de timings de passagem por determinados pontos onde possamos obter algum apoio, nomeadamente os 3 bases de vida, onde teremos acesso aos nossos sacos com material e alimentação e essencialmente os pontos onde vamos dormir/descansar. De acordo com o que temos lido, esta escolha é um dos fatores críticos de sucesso para esta aventura. Os Alpes têm vários abrigos de montanha ao nosso dispor e o conforto e proteção contra o meio, que é naturalmente adverso, poderá fazer toda a diferença em termos de tempo útil de descanso, e consequentemente, de prova.
De resto, a organização é extremamente exigente em termos de material obrigatório que estará constantemente connosco, e aí não há grande margem, é andar com ele às costas (curiosamente, não faz parte do material obrigatório uma escova de dentes… pessoalmente, recomendo!).

Vive o Desporto: Para concluir. Que conselhos dão a quem se está a iniciar no trail running, especialmente nas distâncias ultra?

Calcem uns ténis com rasto, saiam da estrada e mergulhem no bosque ou montanha mais perto da vossa casa. Vão achar incríveis as coisas que existem por lá, a alegria que é chegar ao topo, o corpo treme todo e sentes-te vivo, a pulsar liberdade. Partilhem com os vossos amigos o novo segredo e não tardará muito o desafio de 10 km passar para 20 e, “se o bicho morder”, o céu é o limite.

Podem seguir todos os acontecimentos desta aventura no grupo: https://www.facebook.com/groups/ainsanaaventura/

Carlos Oliveira

domingo, 31 de maio de 2015

A INSANA AVENTURA AO MONT BLANC


- La petite trotte à León –

Dia 24 de Agosto de 2015 vai, seguramente, marcar a vida de três amigos, entusiastas do trail running, e desporto de montanha. Pelas 17:30 horas vão partir de Chamonix e têm 142 horas, cerca de 6 dias, para percorrer 300 km, passando por 3 países, com 26 000 mt de desnível em total autonomia. É um grupo restrito, pois a organização permite apenas a participação de 250 atletas. E estes 3 companheiros vão fazer parte desta elite.

Diogo Tavares, Aires Barata e Hugo Rocha são três aventureiros ultra-runners com vasta experiência em montanha tendo participado nos grandes ultra-trails, tais como MIUT 115K, 100K Ultra Trail de S. Mamede, 160K Mont-Blanc, 130KGerês Trail Adventure. No entanto, qualquer uma dessas aventuras é uma “criança, comparado com o que os espera.
O Vive o Desporto associa-se a este evento divulgando esta superaventura que, para além de insana, tem também um caráter solidário. Os seus organizadores irão doar 10 % da recolha de fundos para o movimento “Obrigado Portugal. Nós também somos Nepal”. Estes heróis precisam de algum apoio financeiro, pois é um projeto de acarreta algumas despesas. Quem os pretender ajudar, qualquer que seja o valor, poderá fazê-lo através de um projeto de financiamento colaborativo (Crowdfunding) disponível na plataforma PPL: http://ppl.com.pt/pt/prj/mont-blanc-ptl-2015
Para além do financiamento, esta aventura merece visibilidade, portanto façam like na página oficial do Facebook e partilhem com os vossos amigos. Esta aventura merece a nossa partilha! https://www.facebook.com/groups/ainsanaaventura/
Força companheiros!
Carlos Oliveira