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sexta-feira, 6 de novembro de 2015

DOR DE BURRO NO ATLETISMO: O QUE É? PORQUE ACONTECE?

A dor de burro é uma dor abdominal muito comum nos iniciantes de corrida podendo, no entanto, também surgir em atletas mais experientes.
Nas crianças é extremamente comum. Acho que todos nós já tivemos dor de burro. Enquanto professor de Educação Física deparo-me com esta situação dezenas de vezes por ano, em especial nos inícios de ano letivo, já que muitos alunos passaram todas as férias de Verão sentados à frente da sua televisão/PC a perder as poucas capacidades físicas que foram ganhando durante o ano letivo anterior.


O que pode provocar a dor de burro?

·         O principal fator é uma má preparação física: devido ao esforço exigido, há uma necessidade de maior bombeamento de sangue. Quando o coração não consegue bombear todo o sangue, ocorre a famosa dor de burro. A dor pode surgir do lado direito (fígado), ou do lado esquerdo (baço), quando acontece um bloqueio do sangue venoso nesses dois órgãos;

·         Má respiração: normalmente uma respiração torácica (curta/rápida e superficial) não permite uma correta oxigenação do sangue. A respiração correta deve ser a respiração abdominal (longa e profunda) que permite a correta oxigenação do sangue e, consequentemente, mais O2 e nutrientes para os músculos;


·         Má alimentação: Treinar de estômago cheio, sem ter realizado a correta digestão! Durante a digestão os órgãos que se situam na zona abdominal necessitam de bastante sangue. Mas, para além da dor de burro, há outros fatores graves que podem ocorrer, quando se faz desporto de barriga cheia. Daí que esse seja um dos maiores erros de qualquer desportista.

·         Não realização do aquecimento: O aquecimento não é mais que a adaptação do nosso corpo ao exercício intenso que será realizado de seguida, quer a nível cardiovascular, quer muscular. Um bom aquecimento deve-nos obrigar a elevar consideravelmente a frequência cardíaca (1.ª adaptação do sistema cardio-respiratório ao esforço) e permitir “aquecer” os músculos para, de seguida, os alongar e preparar para a intensidade.


O que fazer quando ocorre a dor de burro?

·         Diminuir a intensidade da atividade;
·       Respirar profundamente, de forma a oxigenar ao máximo o sangue;
·      Em última instância parar, respirar profundamente e comprimir/apertar a zona dolorosa.
·         Muitas vezes a dor de burro surge também nos dias seguintes, logo no início das atividades. Deve-se realizar as medidas referidas anteriormente.

O normal é que, à medida que vamos conhecendo o nosso corpo e vamos treinando melhor, a dor de burro deixe de aparecer. No entanto, mesmo em atletas mais experientes ela acaba por surgir, nestes casos principalmente por má alimentação ou por overtraining (excesso de treino).

Carlos Oliveira


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Técnica correta de colocação do pé, e de postura, na corrida de média e longa distância.

Qual será a melhor técnica de corrida? A maioria já se deparou com esta pergunta. Nos nossos treinos e provas, deparamo-nos com as mais diversas formas de correr, sendo que a maioria dos corredores amadores não utiliza as vantagens de uma técnica apropriada. Para além de aumentar a velocidade, uma técnica de corrida correta proporciona grande poupança de energia.
A maioria dos praticantes amadores de atletismo procura evoluir apenas com o treino contínuo, alguns treinos de fartleck ou intervalados, mas poucas vezes se preocupam com treinos específicos de correção de movimentos. Penso que esta é uma das verdades com que a maioria de nós se caracteriza de imediato.

Os erros mais comuns de postura durante a corrida:
·         Tronco demasiado para a frente;
·         Praticamente nenhuma elevação dos joelhos (parece uma corrida em voo raso);
·         Rigidez no movimento de braços (que não acompanham o movimento das pernas);
·         Olhar para o chão;
·         Incorreta colocação do pé no contacto com o solo.

·         Pouca levação da bacia


Mas, qual é a técnica correta?

Antes de mais nada, eliminar os erros atrás descritos! De seguida, surge a preocupação de como o pé deve “atacar” o solo. Há uns anos atrás, quando era mais jovem e praticava atletismo com outros objetivos, a máxima dos treinadores era de o pé tocar o solo com a zona posterior, fazer rolar o mesmo,  e dar o impulso com a parte anterior.  Também era a teoria utilizada nos meus tempos de faculdade, enquanto tirava o curso de Educação Física.  Ultimamente, já não é essa a forma de correr dos atletas de top. Terão sido os africanos, especialmente os quenianos,  que começaram a utilizar a técnica de ataque ao solo com a parte mediana do pé. A colocação do calcanhar tenderá a forçar mais as articulações do tornozelo, com grande sobrecarga do tendão de aquiles e joelhos, e o impulso final é menos vigoroso. Portanto deve-se atacar o solo com a parte mediana do pé, pois cria menos impacto nas articulações e proporciona de imediato um maior impulso (neste movimento, o tempo de contacto do pé com o solo é menor).


Aumentar a cadência de corrida ( aspecto fundamental)

Um outro aspeto que tem sido referido (vindo ao encontro do parágrafo anterior), refere-se à cadência (número de passadas por minuto). Mais que uma passada larga, é fundamental trabalhar uma passada rápida. Uma passada rápida elimina o tempo de voo e posteriormente proporciona um impacto menor no solo.
Perceber também que uma passada demasiado longa aumenta o dispêndio de energia. Devemos procurar uma passada ampla, mas confortável. este aspecto deve ser trabalhado logo desde a infância. Portanto, se têm filhos, sobrinhos, etc, a praticar atletismo, façam jogos de coordenação ( tenho exemplos abaixo) em que o objectivo seja aumentar velocidade/frequência dos movimentos.


Exercícios fundamentais para aumentar a cadência e melhorar a técnica de corrida

Deixo uns pequenos exemplos de como, de uma forma indirecta, podemos corrigir a nossa técnica de corrida. O ideal seria isto ter sido trabalhado na idade jovem, mas não tendo sido é melhor que nunca.

·         Skippings baixos: apoio ativo no terço anterior do pé; extensão completa da perna de impulsão; bacia alta; tronco direito; trabalho descontraído e
coordenado dos braços; subida ligeira dos joelhos; grande frequência gestual. O principal objetivo deste exercício é o de se conseguir uma grande frequência, sem alterações significativas da postura corporal, do trabalho dos braços e da descontração.


·         Skipping Alto: apoio ativo pelo terço anterior do pé; extensão completa da perna de impulsão; bacia alta; tronco direito; trabalho descontraído e coordenado dos braços; subida dos joelhos à horizontal, movimento circular das pernas. O principal objetivo é a manutenção de uma atitude alta e a simulação da fase de balanço à frente da passada da corrida, em que a subida dos joelhos, a extensão da perna de impulsão e o movimento circular das pernas, são elementos fundamentais.


Ficam alguns exemplos de combinações:
·         Passagem progressiva de skipping baixo para skipping alto;
·         Skipping alto só com uma perna;
·          Alternar o seguinte movimento: skipping baixo rápido – calcanhar atrás lento – skipping alto
rápido);
·         Passagem de skipping alto para corrida.

Concluindo:

Para melhorar a nossa técnica de corrida devemos:
·         Ter atenção à postura (tronco ereto);
·         Aumentar a cadência da passada;
·         Elevação média dos joelhos;
·         Preocuparmo-nos em apoiar o pé com o terço anterior.
·         Movimento fluido dos braços (acompanhando o movimento das pernas).~

·         Realizar uma boa elevação da bacia.



Com estas correções, e um planeamento de treino adequado, vamos melhorar. Não vamos ser campeões, mas vamos melhorar, isso é garantido.
Deixo o link de outros artigos que já publiquei sobre como melhorar os resultados de corrida e o melhor vídeo que encontrei sobre a técnica correta de corrida. É do  maratonista queniano  Moses Mosop  ( “só” vai a 3 Km/min), mas é a velocidade de maratona dele J

Carlos Oliveira

Vídeo ( infelizmente não consigo coloca no formato pretendido. É necessário clicar )

terça-feira, 13 de outubro de 2015

"Andar na roda" no ciclismo: quanta energia se poupa?

Andar na roda no ciclismo é uma vantagem enorme, como já todos sabemos. De tal forma, que em modalidades como triatlo, essa opção não é permitida, de forma a obrigar todos os atletas a passar pela frente e não haver os chamados oportunistas.
Já no ciclismo de estrada o andar na roda faz parte da estratégia das equipas, que trazem os seus líderes protegidos nas rodas dos companheiros até aos momentos mais importantes da etapa.

Quanta energia se poupa  em andar na roda?

De acordo com os especialistas, andar na roda pode trazer benefícios enormes, dependendo da velocidade e do tamanho do objeto, neste caso ciclista, que vai à nossa frente, assim como do vento que se faz sentir.
O Dr. Benjamim Carvalho, grande especialista em fisiologia e ciclismo,  escreveu nos dos seus posts o seguinte:

“Acima de 20 km hora, velocidade em terreno de montanha, um ciclista poupa cerca de +- 10% de de energia. Isto é: se o ciclista que puxa debitar 300 Watts o ciclista na roda gastará 270 watts. Em etapas de montanha isto torna-se mais notório para ciclistas de pequeno tamanho uma vez que se seguirem ciclistas de maior superfície frontal o beneficio torna-se ainda maior.
Mesmo a 15 metros de distancia há um beneficio de +-6% se a velocidade for à volta dos 45-50 km o que corrobora a ideia de impedir que em competição e nomeadamente nos CRONOS as motos serem obrigadas a seguir a grandes distancias dos ciclistas…
O que é preciso é ser esperto, poupe-se…quando se sentir forte deve guardar a força para quando ela for necessária…quem não gosta de andar na roda?...mas sempre atenção ao que vai à frente!”

A regra rege-se por, a partir dos 20km/h, poupar-se 10%. Portanto, a 40Km/h, o ciclista vai a poupar 30% em relação a quem vai a puxar. Daí que, se observarmos as etapas em que o pelotão tem de perseguir, há uma passagem constante dos ciclistas pela frente, tal o dispêndio de energia. Nessa fase muitas vezes pedala-se a mais de 50Km/h. Nestas situações particulares, quem vai no meio do pelotão pode poupar até 40%. Mas, diga-se, que nestes casos os líderes nunca vão no meio do pelotão, pois as desvantagens são maiores que as vantagens, devido a situações como quedas, ou fugas dos seus rivais.
Em relação ao melhor local para andar na roda, especialmente na montanha, há quem refira que a terceira posição na fila é a melhor. Se observarmos nas grandes voltas, costuma ser nessa posição que se encontram os líderes, isto quando ainda têm equipa para os “rebocar”.

Carlos Oliveira




quarta-feira, 30 de setembro de 2015

MADEIRA UPHILL 2000 - A MEIA MARATONA MAIS DURA DA EUROPA!

Decorreu no dia 27 de setembro a Madeira Uphill 2000 – Meia Maratona Mais Dura da Europa. Foram 21 km, quase sempre a subir, que nos levaram do mar aos 1800 metros de altitude.
Mal soube da realização deste evento, comprometi-me logo a participar. Há desafios que nos aliciam. Ir do Funchal ao Pico do Arieiro a correr, era uma coisa inimaginável para mim há cerca de 10 anos, altura em que cheguei ao Funchal pela primeira vez.

Para quem não tem a noção da dificuldade do evento, refiro-vos que esta subida está catalogada como a subida mais dura de Portugal e uma das mais duras da Europa, no que respeita ao ciclismo: http://www.viveodesporto.com/2015/07/lista-das-subidas-de-ciclismo-mais.html.


Numa prova com a dificuldade da Uphill 2000, e quando vamos com um espírito competitivo, como fui, acabamos por sofrer a sério. Após 1h15 de prova, comecei a sentir algumas dificuldades, pois o ritmo era alto. É aí que a parte mental entra em ação. Lutamos com todas as nossas forças e vamos buscar mais algumas não sabemos bem onde_ isto para não perder uns minutos e, no meu caso particular, para não deixar “fugir” o grupo com quem vinha desde o km 2 da prova.  Bastaria parar um pouco, repor forças e diminuir o ritmo. Mas não, continuamos em sofrimento até ao fim. Mas, também não é isso que nos motiva nestes eventos? Saber superar os sofrimentos! Isto para terminar em 16.º da geral absoluta, com o tempo de 2h17 minutos, com uma FC média de 166 bpm, sendo que os últimos 500 mts foram acima de 175 bpm,! Todo este sofrimento final para recuperar  os 4 lugares que tinha "perdido" uns kms antes. Mesmo assim, com todo este esforço, fiquei a cerca de 23 minutos do grande vencedor, Marco Silva, que demorou 1h54 a percorrer esta distância (menos que alguns fazem em terreno plano).  Um super atleta amador que, em distâncias “curtas” de montanha, costuma arrasar a concorrência.

Em relação à minha prestação, estou super satisfeito, pois apontava fazer a prova algures ente 2h20/2h25. Aproveito para dar um agradecimento à RUNSOX, uma empresa especialista em meias de compressão, com produtos de qualidade e a preços altamente competitivos e que apoia atletas amadores, como eu e como vós. Todo o equipamento MUND que utilizei funcionou na perfeição e adorei particularmente os calções que, apesar de serem de compressão, são altamente confortáveis e transpiráveis. Podem ver os produtos em www.runsox.eu


A prova em si: Madeira  Uphill 2000

A Uphill 2000 foi designada a  meia maratona mais dura da Europa. Uma nomeação que não consegui comprovar mas, se não for a mais dura, há-de ser das mais duras. Até porque, não há por esta Europa fora assim tantos lugares onde se possam fazer mais de 20 km de subida contínua, mesmo nos Alpes, ou Pirinéus. No Brasil existe um evento semelhante, o Mizuno Uphill, com distâncias maiores, num outro formato, mas sem ter uma subida desta dimensão.
No meu entender, esta prova tem características para se tornar internacional, e uma das referências neste tipo de eventos, de grau de dificuldade elevado, em estrada. Mesmo sendo uma corrida de montanha em estrada, o clima, a paisagem, a oportunidade de fazer turismo ativo, tornam o a Madeira Uphill 2000 muito atrativa. Tal como o MIUT, esta é uma prova onde a Madeira deve apostar, ao contrário de outros eventos, tal como a Maratona Internacional, que nunca conseguirá ser atrativa, devido às condicionantes orográficas.

A organização acabou por ter falhas grosseiras, mas também há muitos aspetos positivos a salientar. As falhas já terão sido detetadas e penso que na próxima edição estejam já corrigidas.
Para o ano voltarei a participar e espero que muitos de vós também o façam. Em setembro o clima na Madeira é ótimo, com a água ainda a 24 graus. É fazer a prova, descer e ir mandar um mergulho no mar :)

Carlos Oliveira