A prática da atividade desportiva
desde criança revela-se cada vez mais um fator fundamental na prevenção de
doenças na fase adulta do indivíduo. Dezenas, ou centenas de estudos, já
provaram esta relação. No entanto, observo nos últimos anos um decréscimo das
crianças que praticam atividade física de uma forma regular. Talvez a crise
tenha contribuído um pouco para isso, com o fecho de alguns clubes, menos
capacidade económica dos pais. Mas isso não pode ser desculpa, continua a haver
muita oferta gratuita, a começar pela oferta familiar!
Mas, em que medida essa relação (atividade
física na idade precoce/melhoria da qualidade de vida) é tão notória? Não vou
sequer falar nos efeitos imediatos, como o desenvolvimento musculo-esquelético,
dos sistemas respiratório e circulatório da criança. Não vou desenvolver a
questão da melhoria dos resultados escolares (cada vez mais estudos o comprovam).
Esses são os resultados mais óbvios, mais imediatos. Vou falar de MOTIVAÇÃO, GOSTO
pela prática desportiva e dos seus efeitos futuros, na idade adulta.

Constato, tal como muitos colegas
de várias escolas, uma maior desmotivação dos jovens para as atividades
desportivas. As ofertas extracurriculares na área desportiva, tal como o
desporto escolar, são cada vez menos solicitadas pelos alunos. E, os que
procuram essas atividades, normalmente já praticam uma atividade desportiva
fora da escola (vem de encontro ao que disse anteriormente, “quanto mais
pratico mais gosto” e vice-versa).
Em que medida isso
vai ser importante na atividade adulta? Passo a explicar.
Se a criança é DESMOTIVADA para a
prática da atividade desportiva, em adulto vai ser… claro desmotivado (salvo
raras exceções). É em adulto que normalmente as doenças associadas à
inatividade física aparecem. Depois, lá vão ao médico, é receitado um
medicamento, uma dieta e o complemento com a atividade física. Mas, como a
motivação é pouca, rapidamente surgem as desculpas que “não há tempo”, etc. E a
atividade física volta a ser interrompida. É assim que funciona!
O que pretendo com este artigo?
Pais e outros familiares observem
as vossas crianças. Saiam com elas para o parque, brinquem com elas. Levem a
bola, a bicicleta, ou simplesmente caminhem e façam pequenas corridas. Uma criança,
numa brincadeira de 20 minutos com pai, poderá ter mais gastos energéticos do
que numa aula de Educação Física (não esquecer que as turmas têm entre 25 a 30
alunos e muitas vezes espaços reduzidos. O tempo de atividade motora não é
grande)! Elas têm de sentir o prazer de ficar ofegantes, transpiradas. Na
escola, procurem as atividades extracurriculares ligadas ao desporto e
inscrevam os vossos filhos. As crianças estão cansadas intelectualmente. A
carga teórica e o grau de exigência são cada vez maiores (para mim em demasia).
Disciplinas como a Matemática e o Português provocam grande desgaste
intelectual e emocional sobre alunos, pais e professores. Os programas estão cada vez mais difíceis. Se nós somos adultos conseguimos lidar com a
pressão, as crianças precisam de uma escapatória. Alguns pais podem pensar: “mas se o
meu filho tem dificuldades em Matemática, vai perder tempo a ir jogar? Vai é
para casa estudar”! Errado. Eles não estão já cansados de um dia de aulas? Uma
hora para libertar fadiga intelectual, não permitirá depois maior concentração? Imensos
estudos científicos dizem que sim…
A criança que pratica atividade física, vai ser um adulto que pratica atividade física!
Carlos Oliveira