Como alguns têm
conhecimento, o Vive o Desporto tem
acompanhado e divulgado a preparação da Insana Aventura ao Mont Blanc, um
desafio épico que será realizado por três ultramaratonistas em agosto, nos
Alpes.
Há já algum tempo que
me vou interrogando de como se desenvolve o planeamento de um ultra trail, por parte de um atleta
amador, que tem a sua vida profissional, a sua família e tudo o que faz parte
do dia-a-dia de um cidadão comum. Se já é difícil conciliar o trabalho e a
família na preparação de pequenas provas, como será preparar uma aventura
“insana” de trail de 6 dias, 300 km e
26.000 metros de desnível positivo em redor do Mont Blanc, nos Alpes?
O Aires Barata, o
Diogo Tavares e o Hugo Rocha, são os 3 amigos aventureiros que vão fazer esse
desafio no dia 24 de agosto de 2015 e, dentro do seu tempo apertado, concederam
uma entrevista onde nos contam a preparação de um evento desta dimensão.
Vive o Desporto: Como e quando surgiu a ideia de realizar um evento desta
magnitude?
A ideia de nos aventurarmos nesta aventura surgiu já em 2012, quando estava (Aires) em Chamonix para a 10ª edição do UTMB. O Hugo Rocha passou por lá em passeio e conhecemos os dois Madeirenses, Gonçalo Silva e Pedro Alves, que participaram na prova. Nessa altura ainda achávamos que era uma aventura impossível, mas o bichinho ficou. No ano passado, voltámos a Chamonix para o UTMB (Aires) e TDS (Rocha) a respirar aquele ambiente que envolve a prova. Achámos que estava na altura de deixar de pensar que, “quando fôssemos grandes, havíamos de fazer aquela prova” e foi a ver partir os participantes do ano passado que chegámos à conclusão que em 2015, também nós teríamos que estar naquela linha de partida!
A ideia de nos aventurarmos nesta aventura surgiu já em 2012, quando estava (Aires) em Chamonix para a 10ª edição do UTMB. O Hugo Rocha passou por lá em passeio e conhecemos os dois Madeirenses, Gonçalo Silva e Pedro Alves, que participaram na prova. Nessa altura ainda achávamos que era uma aventura impossível, mas o bichinho ficou. No ano passado, voltámos a Chamonix para o UTMB (Aires) e TDS (Rocha) a respirar aquele ambiente que envolve a prova. Achámos que estava na altura de deixar de pensar que, “quando fôssemos grandes, havíamos de fazer aquela prova” e foi a ver partir os participantes do ano passado que chegámos à conclusão que em 2015, também nós teríamos que estar naquela linha de partida!
Há aventuras difíceis,
há as insanas, mas creio que posso falar por toda a equipa, não há aventuras
impossíveis!
Vive o Desporto: Façam uma pequena
descrição do evento.
La Petite Trotte à Léon é um evento de ultra-resistência em equipa, de dificuldade extrema, que se realiza em alta montanha, longe de caminhos trilhados. Este evento não é uma corrida, é uma experiência. Uma longa jornada realizada em autonomia total por uma equipa determinada de 3 amigos.
A aventura consiste em contornar a totalidade do maciço do Monte Branco em equipa, passando por três países: França, Itália e Suíça durante 300 km e 26 000 m de desnível positivo pelas zonas mais inóspitas da montanha. Atravessamos em corrida, a passo e, muitas vezes, em escalada. Paisagens únicas, aldeias de montanha, lagos, glaciares e os mais emblemáticos colos do maciço alpino!
Esta prova está integrada no evento Ultra-Trail du Mont-Blanc®.
La Petite Trotte à Léon é um evento de ultra-resistência em equipa, de dificuldade extrema, que se realiza em alta montanha, longe de caminhos trilhados. Este evento não é uma corrida, é uma experiência. Uma longa jornada realizada em autonomia total por uma equipa determinada de 3 amigos.
A aventura consiste em contornar a totalidade do maciço do Monte Branco em equipa, passando por três países: França, Itália e Suíça durante 300 km e 26 000 m de desnível positivo pelas zonas mais inóspitas da montanha. Atravessamos em corrida, a passo e, muitas vezes, em escalada. Paisagens únicas, aldeias de montanha, lagos, glaciares e os mais emblemáticos colos do maciço alpino!
Esta prova está integrada no evento Ultra-Trail du Mont-Blanc®.
Vive o Desporto: Mesmo ainda faltando 2 meses e meio, quanto tempo é
despendido diariamente na preparação deste evento: no treino, logística,
divulgação do evento, etc.
Como é fácil de imaginar, uma aventura destas necessita de uma logística
complexa que vai desde os requisitos para a inscrição da prova, aquisição de
equipamento técnico, transporte e estadia até ao planeamento de treino e
nutricional.
No que toca à divulgação do projeto, tem sido um processo bastante intenso e nada disto seria possível se não fosse o incessante envolvimento e apoio dos nossos amigos e família. Há em curso uma campanha de crowdfunding na plataforma PPL: http://ppl.com.pt/pt/prj/mont-blanc-ptl-2015 para a angariação de fundos para a nossa aventura. No que toca a divulgação, para já temos agendadas duas entrevistas para uma rádio e um jornal de grande público. E claro, plataformas da especialidade, como vocês, dão uma ajuda fantástica ao nosso projeto.
No que toca à divulgação do projeto, tem sido um processo bastante intenso e nada disto seria possível se não fosse o incessante envolvimento e apoio dos nossos amigos e família. Há em curso uma campanha de crowdfunding na plataforma PPL: http://ppl.com.pt/pt/prj/mont-blanc-ptl-2015 para a angariação de fundos para a nossa aventura. No que toca a divulgação, para já temos agendadas duas entrevistas para uma rádio e um jornal de grande público. E claro, plataformas da especialidade, como vocês, dão uma ajuda fantástica ao nosso projeto.
De facto, cada vez que nos ocorre a equação 300 km com 26 000 D+ em menos de 142 horas, é uma vertigem assustadora. E, nestes momentos, que me ocorre uma frase do Seth Godin que diz “If it scares you, it might be a good thing to try”.
Não somos atletas, somos tipos normais que, quando há tempo, fogem a correr para onde se respira o ar puro, onde só se ouvem os animais, a água a correr e o vento a soprar nas orelhas. É neste ambiente que treinamos. Escolhemos a montanha porque gostamos de subir e subir, porque a seguir é a descer para subir novamente.
Nos últimos meses, temos só escolhido provas de montanha acima dos 100 km, como o MIUT K115, GTA K130, OMD K160 e a diabólica/deliciosa UTSF K100 ainda este mês.
Mas uma coisa é certa e incontornável, ninguém treina para 300 km!
Vive o Desporto: O que os move para desafios cada vez maiores? Os imensos sacrifícios que enfrentam não os fazem pensar, por vezes, que já basta?
Acho que é unânime, o
que nos move para desafios maiores, é a superação dos desafios anteriores. Na
prática, é o passo em frente, nenhum de nós o faz pela competição, é o prazer
que tiramos dos percursos (quanto mais técnicos melhor), das paisagens de
cortar a respiração, do convívio e partilha com a natureza que nos leva a sair
do conforto das nossas casas para ir desfrutar do (des)conforto dos “hotéis“ de
milhões de estrelas que encontramos por essas serras fora. Deste modo, ao
superarmos um desafio, podemos analisar
se estamos em condições para avançar para outros cada vez maiores.
No fim do dia, a
condição física e experiência que se vai obtendo em cada desafio (e na sua
preparação), são um meio de nos podermos aventurar cada vez mais e abraçarmos
desafios cada vez mais arrojados.
Vive o Desporto: Qual a logística do evento propriamente dito? Alimentação,
dormida, higiene. Afinal são 5 noites numa das montanhas mais difíceis da
europa.
Esta é a “Million
dollar question”, é aquela que estamos a descobrir a resposta todos os dias e
presumimos que só teremos a resposta completa quando chegarmos à meta. Sempre
que nos juntamos para um treino ou mesmo uma conversa, descobrimos algo “que
nos pode dar jeito” ou que “é pá, temos que salvaguardar isto”.
A organização vai
fornecer-nos, mais perto da data da prova, o percurso detalhado da mesma. Nessa
altura, teremos de discutir a estratégia que vamos seguir, assim como os planos
B, C e se calhar o D também. Essa estratégia vai passar essencialmente pelas nossas
perspetivas de timings de passagem
por determinados pontos onde possamos obter algum apoio, nomeadamente os 3
bases de vida, onde teremos acesso aos nossos sacos com material e alimentação
e essencialmente os pontos onde vamos dormir/descansar. De acordo com o que
temos lido, esta escolha é um dos fatores críticos de sucesso para esta
aventura. Os Alpes têm vários abrigos de montanha ao nosso dispor e o conforto
e proteção contra o meio, que é naturalmente adverso, poderá fazer toda a
diferença em termos de tempo útil de descanso, e consequentemente, de prova.
De resto, a
organização é extremamente exigente em termos de material obrigatório que
estará constantemente connosco, e aí não há grande margem, é andar com ele às
costas (curiosamente, não faz parte do material obrigatório uma escova de
dentes… pessoalmente, recomendo!).
Vive o Desporto: Para concluir. Que conselhos dão a quem se está a iniciar no
trail running, especialmente nas
distâncias ultra?
Calcem uns ténis com
rasto, saiam da estrada e mergulhem no bosque ou montanha mais perto da vossa
casa. Vão achar incríveis as coisas que existem por lá, a alegria que é chegar
ao topo, o corpo treme todo e sentes-te vivo, a pulsar liberdade. Partilhem com
os vossos amigos o novo segredo e não tardará muito o desafio de 10 km passar
para 20 e, “se o bicho morder”, o céu é o limite.
Podem seguir todos os
acontecimentos desta aventura no grupo: https://www.facebook.com/groups/ainsanaaventura/
Carlos Oliveira
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