Com um novo ano letivo a
iniciar-se voltarei a deparar-me com um considerável número de alunos com
problemas respiratórios, nomeadamente asma. São sempre 2 ou 3 por turma, por
vezes mais, isto a acreditar-me naquilo que dizem, pois normalmente nunca chega
qualquer relatório médico, quer ao professor de Educação Física, quer ao Diretor
de Turma. É fundamental o professor de Educação Física tomar conhecimento, de
imediato, de quais os alunos que possuem problemas de saúde nas suas turmas,
para puder atuar em conformidade.
Fatores como a poluição, o
sedentarismo, a alimentação e o meio envolvente influenciam diretamente a
evolução de doenças respiratórias. Aqui pela Madeira a percentagem da população
com asma é significativa, embora inferior a outras partes do país.
As crianças portadoras de asma
geralmente têm fraca condição física, porque têm as naturais dificuldades
respiratórias e são, desde sempre, super protegidas pelos pais e privadas da
atividade física. Acredito que os médicos aconselhem o exercício físico, mas os
pais ao verem os seus filhos ofegantes, com pieira e dificuldade respiratória
nas pequenas brincadeiras do dia a dia protegem os seus filhos não os colocando
a fazer exercício regularmente.
A possibilidade de ocorrer um
episódio de broncoespamo (dificuldade aguda em respirar) numa aula de Educação
física é muito maior em crianças asmáticas sedentárias, ou com pouca preparação
física, do que numa criança que faça exercício com regularidade. Daí ser
importante o professor de EF saber quem tem o quê, para puder exigir de acordo com
as possibilidades do aluno. Uma exigência elevada num aluno asmático, que não
tenha hábitos desportivos, vai desencadear uma crise…
Então o que devem fazer os pais?
·
Em 1.º lugar devem informar a escola da situação
de saúde do seu filho, preferencialmente com um relatório médico que
especifique a problemática e, se possível, uma pequena prescrição da frequência
e intensidade da atividade física recomendada, para uma possível adaptação às
aulas de EF.
·
Devem preocupar-se em colocar o seu filho num
desporto que a criança goste. De uma forma geral, uma situação de asma bem
controlada, não é impeditiva de fazer qualquer desporto, embora existam uns mais
indicados, tal como a natação ( desde que as piscinas não sejam tratadas com
cloro)
·
Verificar se as crianças trazem sempre consigo a
medicação a ser utilizada em caso de crise (já me aconteceu várias vezes não
estar com o aluno).
Para que serve este artigo?
·
Primeiramente para voltar a desmistificar a
questão da incompatibilidade da atividade física com a asma. Os estudos demonstram
que a atividade física serve não só como um complemento no tratamento da
doença, como permite um desenvolvimento harmonioso da criança. Mesmo na
competição são cada vez mais os exemplos de atletas asmáticos de top mundial.
Miguel Indurain, Rosa Mota são dois fantásticos casos, pois o ciclismo e o
atletismo de fundo são das modalidades menos indicadas, mas há outros como David
Beckham, ou Paul Scholes, no futebol.
·
Todos temos na família ou no grupo de amigos,
uma criança conhecida com asma. Fazer passar a mensagem da importância da
atividade física e de uma informação atempada à escola. O ano letivo está a
começar e informar o professor daqui a 2 ou 3 meses não faz muito sentido…
·
Retirar as crianças de casa, de frente do
computador e televisão, e levá-las para a rua, para correr, andar de bicicleta,
jogar futebol. Enfim, cansá-las!...
Quem
estiver interessado pode aprofundar o seu conhecimento sobre esta doença no
seguinte site:
Carlos
Oliveira
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