Quando
em 2010 ouvi falar da 1.ª edição desta prova do Km vertical do Fanal, só
pensava para mim mesmo: mas que grande loucura! Este ano, decidi partir para
essa aventura. Apesar de não ser um peso pluma, bem pelo contrário, sempre
gostei de subir, quer na bicicleta, quer na corrida, dando-me muito bem em
subidas curtas, onde a força consegue disfarçar o peso excessivo para trepador.
Fazendo uma pequena explicação do que é o
Km Vertical, trata-se de uma prova de corrida vertical, onde tem de existir um
desnível de 1000 metros positivos, numa extensão inferior a 5km. Em
Portugal não são muitos os locais onde se possa realizar este tipo de provas,
uma vez que são poucas as montanhas que permitem uma ascensão de 1.000 metros,
com capacidade de montar uma logística no seu final. Não podemos esquecer que a
base da maioria das nossas montanhas se situa já nos 200 ou 300 metros. Mas, pelo
menos na Serra de Arga e na Ilha do Pico realizam-se corridas verticais. Mas
acredito que em serras como Montemuro, Gerês, Estrela, se realizem, ou
realizarão futuramente este tipo de corridas.
Este KM Vertical do Fanal, o mais antigo do
país, é uma prova do Campeonato Nacional de Corrida Vertical, com uma extensão
de 3980 metros, fazendo com que tenha uma inclinação média de 25%. Mas há zonas
onde a inclinação será superior a 40%, quase garantidamente.
Como
todos sabem, a Madeira é um local paradisíaco, com paisagens de cortar a
respiração. Ora, para mim, o Fanal é das zonas mais bonitas. Em plena
Laurissilva, é onde se encontra uma das maiores reservas da majestosa árvore
Til, que nos dá uma paz de espírito fora do comum. Toda a subida é feita no
coração desta floresta, património da UNESCO, atravessando ribeiros, cruzando
árvores, subindo escadas das antigas veredas cheias de verdete, num ambiente
húmido, de natureza quase virgem, onde só circulam pontualmente uns malucos a
correr ou alguns turistas mais aventureiros.
Como se tratava da atribuição do Campeão
Nacional da Especialidade, o nível competitivo foi elevado, contando com a
presença de alguns atletas do top nacional, como Tiago Aires, ou Ester Alves.
Assim,
a classificação final foi a seguinte
Masculinos
|
Femininos
|
1.º Vítor jesus –
39´40´´
2.º Ricardo Gouveia –
40´23´´
3.º Tiago Aires –
41´50´´
|
1.ª Cristina
Nascimento – 49´09´´
2.ª Ester Alves –
53´18´´
3.ª Carla Brandt –
56´15´´
|
Tenho
de deixar uma palavra de apreço à organização, da responsabilidade do Clube de Montanha do Funchal. Para além de
uma boa sinalização e de uma logística bem montada, como nos tem habituado, não
fosse também a entidade responsável por outros grandes eventos, como o MIUT, o
que mais me impressionou nesta prova, foi o valor da inscrição, e aquilo que
ofereceu. Por 6 €, os atletas tiveram direito à inscrição, com respetivo seguro
de prova, transporte da base para o local de partida, do local de chegada para
a base, alguma nutrição com sólidos e líquidos no final da prova e um almoço,
no final da prova!
Ultimamente
tenho sido um crítico em relação a muitas organizações, que querem pagar as provas
só com o contributo dos participantes. Os
atletas dão o contributo com a sua presença, ajudam nas despesas da prova, mas
nunca poderão pagar por inteiro o evento. Antes de se organizar, tem de se perceber
se haverá sponsors capazes de suportar parte dos custos, sejam eles públicos ou privados. Claro que assim dá muito mais trabalho, mas só assim deverá ser. É
impensável andar a fazer mensalmente provas comuns (não falo de grandes
eventos) e pagar 15 ou 20€!
Para
terminar, falar um pouco da minha experiência e sensações da prova. As
sensações foram ótimas, prazer do início ao fim, ao contrário do que acontece
muitas vezes nas provas de estrada, onde apetece encostar para o lado e parar.
O esforço em subida é-me muito inferior ao de provas de estrada, apesar de
frequências cardíacas muito semelhantes. Coisa estranha, será mesmo o grande
prazer que “esconde” o esforço.
A
classificação foi um 14.º geral da Geral, com o tempo de 49`08”. Bom, muito
bom, pois foi a 1.ª experiência nestas andanças. Para o ano a repetição é
garantida, com outro treino, para ver o que se consegue melhorar.
Despeço-me
com um convite para que experimentem umas destas provas verticais. Como referi,
não são ainda muitas, principalmente em Portugal Continental devido às
dificuldades técnicas e conceito relativamente recente. Mas, com certeza que o
número de eventos vai começar a aumentar. Aqui,
pela ilha da Madeira, dia 18 realiza-se o TABUA VERTICAL KILOMETER, organização
a cabo do Clube de Aventura da Madeira, em colaboração com a Federação de
Campismo e Montanhismo de Portugal ( http://kmvertical.camadeira.com/?p=937).
Infelizmente não estarei na Região, de outra forma lá marcaria a minha presença.
Infelizmente não estarei na Região, de outra forma lá marcaria a minha presença.
Carlos
Oliveira
1..º Classificado Masculino - Vitor Jesus
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