Sábado
5 horas da manhã. Despertador a tocar…. Sem pernas e preparação para participar
nas provas Ultra do MIUT, e sem vontade de participar na prova pequena, tinha
decidido que, para além de acompanhar estes bravos, também teria de sentir na pele
um pouco do seu sofrimento.
06:00H - Saída do Funchal em direção ao Curral das
Freiras: Cerca de 10kms, com ascensão de 950 metros. Percorrer a cidade ainda
de noite e fazer parte da ascensão na escuridão foi uma bela experiência.
07:00hH
– Chegada ao Curral das Freiras. Com tempo para tomar um café e ver os
primeiros (pensava eu). Afinal, não: já tinham passado 3 participantes, a tirar
mais de 30 minutos às melhores previsões. Um americano, de nome Zach Miller,
estava a impor um ritmo diabólico, levando atrás de si os franceses e espanhóis
candidatos à vitória.
Após
ver alguns concorrentes a chegar, tinha de arrancar. Tinha uma violenta subida
até ao Pico do Arieiro, a 1800 metros, com pendentes elevadíssimos, entre os
quais um setor com 2,6kms a 16% de
inclinação. (https://www.strava.com/activities/554545463/segments/13409086091)
Um mau momento para fazer a subida por aí, pois tenho pedalado muito pouco. Mas
tinha de ser, era o caminho mais curto e rápido. Durante essa subida, a minha
motivação era que, ali ao lado, outros a estavam a subir a pé, por entre
trilhos e pedras, com já 8 horas de corrida para trás.
No
Pico do Arieiro, repleto de gente, entre turistas e espetadores, o Zach Miller chegou como um louco. A
parte final da subida toda a correr (daqueles que vi, o único que o fez),
claramente alheado daquilo que o rodeava, até um pouco confuso, com a falta de
oxigénio e com a multidão, tal a intensidade com que fez aquela subida, levando
o corpo ao limite.
Após observar
os 9 ou 10 primeiros, onde tirei as fotos abaixo, fui ver a parte inicial dos
42kms, que tinha partido às 10h da manhã e que, nesta fase inicial, fazia a
subida ao Pico do Areiro. Tal como esperava, o Marco Silva seguia isolado em
1.º lugar. Uma máquina a subir, indicada para estas distâncias “mais curtas”.
Infelizmente desistiu, enquanto liderava, por causa de inúmeras bolhas que lhe surgiram
nos pés!
Após
ver os atletas, fui descendo, acompanhando-os em vários locais. À minha espera,
em Machico, local da chegada, estava um belo mergulho no mar, a minha mulher e
os meus filhotes, onde passámos o resto do dia. Também merecia um belo
descanso. Afinal tinha feito 60kms com 2600 metros de desnível positivo.
Este
MIUT foi uma afirmação. No seu ano de estreia no Ultra Trail World Tour
foi um sucesso. Grandes atletas de top mundial, a impor ritmos avassaladores. Muito
público, organização muito competente, participantes de 36 países, e cerca de
1000 voluntários que tornaram o evento possível!
Quanto
aos resultados, Zach Miller rebentou com a concorrência masculina, ganhando com
uma vantagem de mais de 20 minutos, com o tempo de 13:53H
Mas,
mais impressionante ainda, foi a vitória feminina: Caroline Chaverot. Fez 8.ª
posição à geral absoluta, com o tempo de 15:02H ganhando mais de 1 hora à 2.ª
classificada.
Nos
85kms a vitória foi para Danien Douvry, nos masculinos com 10.22h, e nos
femininos Magali Gigon com 13h 07m.
Em
baixo deixo alguns vídeos das chegadas dos primeiros classificados e algumas
fotografias tiradas no Pico do Arieiro, a 1800 metros de altitude.
Que para o ano este sucesso se
repita!
Carlos Oliveira
É preciso ter muita vontadinha. Acordar às 5 da manhã para andar de bicicleta e ver e à noite paciência para escrever... Em ambas as situações eu dormia :-)
ResponderEliminarTer....
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